Brasil e China se complementam, diz ministro chinês do Comércio

12/11/2004 - 21h14

Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A parceria comercial Brasil e China pode fazer com que o desenvolvimento socioeconômico dos dois países seja tão grandioso quanto as suas dimensões continentais, avaliou hoje o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, na abertura do Fórum Brasil-China: Conquistas e Desafios na Construção de uma Parceria Estratégica, no Itamaraty. O fórum reuniu centenas de empresários brasileiros e chineses e faz parte das atividades da comitiva do presidente chinês, Hu Jintao, que visita o país nesta semana.

O ministro do Comércio da China, Bo Xilai, ressaltou no encontro a admiração que tem pelo Brasil. Disse que desde o tempo de estudante, nas aulas de Geografia, se impressionava com a descrição da Região Amazônica. "Depois, ao longo dos anos, fiquei cada vez mais fascinado com tudo. Hoje, além de suas riquezas, sou apaixonado pelo futebol brasileiro", confessou. Demonstrando bom humor, lembrou o grande mercado formado por 1,3 bilhão de chineses, com necessidades que a indústria e a produção brasileiras podem suprir em vários setores.

E disse que o Brasil, além de deter vários tipos de riqueza que faltam à China, tem muitas outras características comuns, como o fato de nunca terem invadido qualquer país com interesse de conquista: "As nossas populações gostam de paz, de amizade, e desejam imensamente se desenvolver. Por isso, temos muita coisa em comum a nos unir", afirmou.

Vários outros pontos convergentes dos dois países foram também ressaltados por outros palestrantes. Para o presidente da seção brasileira do Conselho Empresarial Brasil-China, Roger Agnelli, Brasil e China têm economias que se complementam. Mais do que qualquer outra característica, essa tem feito com que os dois países intensifiquem a cada ano as relações comerciais. "A complementariedade nos dá imensas chances de negócios", avaliou. Para exemplificar, Agnelli, que também é presidente da Companhia Vale do Rio Doce, disse que "o carvão de que o Brasil necessita está lá na China; em contrapartida, o minério de ferro que temos falta a eles". A avaliação de Agnelli foi feita no III Painel do fórum, As Parcerias Empresariais entre o Brasil e a China: Projetos e Resultados.

No painel Os Negócios Comerciais entre o Brasil e a China: Cultura, Desafios e Benefícios, o diretor do Departamento Comercial do Ministério das Relações Exteriores, Mário Vilalva, aconselhou o empresário brasileiro que queira comprar ou vender na China a "entender como é personalidade do povo daquele país: a comunicação pessoal vem em primeiro lugar, depois então é que se trata de negócios". Segundo Vilava, "para fazer negócio com o chinês, é necessário, em primeiro lugar, impressionar com a personalidade". Por isso, recomendou, "antes de mais nada, fale sobre preferências pessoais, esportes, hobbies e outras anemidades. Para gerar confiança, dê tempo e seja paciente – tal como a cultura chinesa". Um império milenar como a China não foi construído em pouco tempo, mas pacientemente, ano após ano, lembrou. "Assim também deve ser o relacionamento pessoal e comercial sino-brasileiro", afirmou.

O reconhecimento da China como uma economia de mercado, feito hoje pelo governo brasileiro, foi destaque na abertura do fórum. Os participantes ressaltaram também os vários pontos convergentes que estão transformando Brasil e China em grandes parceiros comerciais. Participaram do encontro 199 representantes de grandes empresas chinesas, além de dezenas de empresários nacionais.