Rio, 8/11/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Federal suspeita que as usinas que forneciam combustíveis à quadrilha presa hoje pela "Operação Poeira no Asfalto" também estejam envolvidas no esquema. Até agora já foram presos 42 acusados de sonegação de impostos na distribuição e venda de álcool. Outros 14 mandados de prisão ainda devem ser cumpridos.
Segundo o delegado Cláudio Nogueira, responsável pela operação, a quadrilha distribuía combustível por meio de notas fiscais "frias". Fiscais da Fazenda e policiais rodoviários federais recebiam dinheiro para deixar os caminhões vindos de usinas do norte fluminense e do estado de São Paulo chegarem aos postos de gasolina do Rio de Janeiro mesmo com a documentação falsa.
De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha lucrava substituindo notas fiscais verdadeiras por documentos falsos, sonegando, dessa forma, todos os tributos — ou parte deles — referentes ao combustível transportado. Os policiais acreditam ainda que fosse feita a adulteração do conteúdo das cargas, ou seja, a quadrilha transportava álcool hidratado (usado como combustível), mas informava, na documentação, que estava transportando álcool anidro (usado como aditivo na gasolina), que é isento de impostos.
As notas fiscais "frias" vinham de gráficas da cidade de Londrina (PR). A Polícia Federal suspeita que esses documentos eram passados à quadrilha no próprio ato da compra do combustível feita nas usinas de Campos (RJ) e do interior paulista.
"Vamos tentar provar que as usinas, de alguma forma, participavam do esquema de corrupção. Até porque as usinas não são controladas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas pelo Ministério da Agricultura. E o controle do excedente de produção é ineficaz, onde gera a capacidade de corrupção e sonegação", explicou o delegado.
Entre os presos pela Polícia Federal estão os de 16 policiais rodoviários federais, quatro servidores da Fazenda e um policial civil. Entre eles estão o ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio Francisco Carlos Silva (Chico Preto) e um fiscal de Rendas, João Bosco Neves de França.