Professores dividem informações sobre alfabetização de jovens e adultos

11/09/2004 - 16h11

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre – As experiências sobre a formação de professores na educação de jovens e adultos no Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Ceará e Minas Gerais, foram apresentadas, nesta capital, no VI Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos (Eneja). A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Paula de Moura, falou sobre o programa de extensão universitária Alfabetização para Jovens e Adultos, do Bairro da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, formado por retirantes nordestinos, que começou a ser elaborado em 2003 e foi efetivado em fevereiro deste ano.

"O programa surgiu do reconhecimento do papel que a universidade pode desempenhar para superar o grave problema social do não acesso à língua escrita de uma importante parcela da população", disse Ana Paula. Ela explicou que os objetivos são formar universitários para atuarem como alfabetizadores junto ao público jovem e adulto, constituir um núcleo como espaço permanente de pesquisa e discussão coletiva, e contribuir para a diminuição do índice de analfabetismo da comunidade atendida.

Magdalânia França, professora da Universidade Estadual da Bahia (UEBA), apresentou a pesquisa "A EJA nas Universidades Públicas da Bahia", trabalho realizado nas cinco universidades públicas do Estado. "Os resultados preliminares da pesquisa apontam a necessidade de se estruturar uma política universitária de formação de educadores da EJA", afirmou a professora. Segundo ela, é preciso contemplar a formação, desde a graduação até a pós-graduação, com a criação de núcleos de pesquisa ou similares que congreguem as diversas ações em EJA para atender à demanda social.

O professor Leôncio Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou pesquisa sobre as pessoas que se formaram na habilitação de EJA, de 1986 a 2002. Segundo ele, dos 140 que concluíram o curso nesse período foram localizados 120 e apenas 80 responderam ao questionário enviado pela Universidade. Resultado: dos 80, apenas 20 estavam atuando na EJA. "Os que não estavam atuando foi porque não conseguiram emprego na área, ou começaram e não se sentiram valorizados e reconhecidos", explicuou Leôncio.

A Universidade Estadual do Ceará (UECE) também esteve representada pelo professor Manuel Sampaio, que apresentou o tema "A Educação de Jovens e Adultos e a formação docente: relato de uma experiência". Entre os caminhos apontados nas conclusões do trabalho estão encarar a EJA como prática política, a ação docente com EJA como ato de pesquisa constante, e a EJA deve ter natureza de educação permanente ao longo da vida.