Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - O diretor do Ministério da Educação, Thimoty Ireland, apresentou os desafios das políticas do MEC na alfabetização de jovens e adultos, durante o VI Encontro Nacional de Educação da área. O evento reuniu, nesta capital, mais de 200 delegados, representando governos estaduais e federal, Ongs e o Serviço Social da Indústria (Sesi), para debater políticas públicas e perspectivas para a alfabetização, entre outros temas do setor.
Thimoty Ireland, Phd pela Universidade de Massachusetts (EUA), destacou o Programa Brasil Alfabetizado, implantado no início do governo Lula, para estender a alfabetização a todo o território nacional, com o apoio dos estados, municípios e da sociedade civil. "A educação é um elemento básico no processo de construção da cidadania consciente e ativa e dever ser acessada por todos", afirmou. Ele explicou que a situação ainda é mais difícil para a população negra, onde a média geral de escolarização de jovens com 25 anos é de apenas 6,1 anos de estudos.
Durante o painel "Perspectivas para a Educação de Jovens e Adultos: Alfabetização e Continuidade", o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miguel Arroyo, classificou a iniciativa do governo federal de assumir a educação de jovens e adultos como "historicamente importante", alertando que "todos nós somos os responsáveis pelos jovens excluídos da educação".
Arroyo lembrou que no Brasil foram quase 30 anos de humanização e educação truncadas, referindo-se à ausência de políticas públicas para o setor no período. Disse que a educação de jovens e adultos é um campo específico das políticas públicas. "Nesse momento, vejo que há condições para a execução de programas voltados a esta área", observou .
A representante do Sesi nacional, Luci Carvalho, salientou que o trabalho de alfabetização da entidade passou a ser desenvolvido com maior impulso a partir da iniciativa do governo federal. "Foi quando assumimos, no MEC, o compromisso de alfabetizar dois milhões de trabalhadores, até 2006", disse. Segundo ela, com o apoio de Ongs e da sociedade civil, a alfabetização de 300 mil pessoas será concluída até o final deste ano. No Rio Grande do Sul, o Sesi alfabetizou 2.942 trabalhadores em 2003.
A secretária de Educação de Porto Alegre, Maria de Fátima Baierle, destacou que na capital gaúcha a educação de jovens e adultos acontece desde 1989. "O Serviço de Educação de Jovens e Adultos (Seja) totalizou 9.774 alunos alfabetizados em 2003", disse ela, anunciando que, atualmente, mais de um mil alunos freqüentam as 120 turmas distribuídas em diversos bairros da cidade. Ela explicou ainda que os educadores populares são indicados pela própria comunidade.