Decisão do STF sobre áreas petrolíferas é resultado de "clamor popular", afirma Requião

16/08/2004 - 22h10

Rodrigo Savazoni
repórter da Agência Brasil

Brasília – O governador do Paraná, Roberto Requião, afirmou que a liminar concedida na noite desta segunda-feira pelo Supremo Tribunal Federal, que suspende a participação de empresas estrangeiras no leilão de áreas petrolíferas que a Agência Nacional do Petróleo promove a partir desta terça, é resultado de "um clamor popular". Em entrevista, por telefone, à Agência Brasil, Requião comemorou o resultado e enfatizou que se trata de uma vitória da tradição nacionalista brasileira, forjada há mais de cinqüenta anos, desde o início da campanha Petróleo é nosso.

Apesar de a liminar do ministro Carlos Ayres Britto não suspender a realização do leilão, o governador considerou a decisão uma vitória. "A sentença foi parcial, mas a vitória é definitiva", disse. "A liminar impede a venda do petróleo. Ela permite apenas que a Petrobrás terceirize para empresas brasileiras parte do trabalho". Segundo ele, o resultado revela que o País possui bons juízes. "O Lula merece parabéns pela nomeação", disse. Ayres Britto, sergipano, foi nomeado para o Supremo Tribunal Federal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 5 de junho de 2003.

Requião, que está em Brasília, aproveitou a ocasião para criticar veladamente o ministro da Fazenda Antonio Palocci. Por duas vezes, durante a conversa, o governador do Paraná afirmou: "o Brasil não é um grande Ribeirão Preto". A frase refere-se à cidade do interior paulista que Palocci dirigiu por duas vezes nos anos 90. Ele disse que a oportunidade deve ser aproveitada pelo governo para refletir sobre os rumos do neoliberalismo. "É bom que fique claro que Petróleo não é comoditie. Não pode ser utilizado apenas para fechar as contas externas do País", disse.