Ministério da Saúde triplicou os recursos aplicados em pesquisa científica, diz secretário

25/07/2004 - 20h10

Brasília, 25/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Mais de 600 delegados em saúde e ciência e tecnologia esperam encontrar nos próximos dias alternativas que aproximem as atividades de pesquisa científica de ações que tragam benefícios para a saúde pública do País. Os delegados participam, em Brasília, da 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, que foi aberta oficialmente na noite de hoje pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Gastão Wagner.

O secretário ressaltou que as pesquisas de saúde precisam se refletir em ações que reduzam as limitações da saúde pública brasileira. A intenção do governo, segundo o secretário, é criar um órgão vinculado ao Ministério da Saúde que administre os recursos e as ações de pesquisa científica nesse setor. "Estamos mudando a política de ciência e tecnologia no Ministério este ano e em 2005. Precisamos criar uma organização para gerenciar os recursos", ressaltou.

O secretário revelou que, somente este ano, o Ministério triplicou os recursos aplicados em pesquisa científica. Os investimentos no setor, segundo Gastão Wagner, devem ser ainda maiores. "Se o poder público não entra, se a pesquisa fica apenas com o setor privado, ela tende a tomar a lógica de mercado ou a lógica das corporações, que querem vender o seu produto e não necessariamente pensar no menor preço, no menor custo, no menor dano", disse.

Já o coordenador da Conferência e representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Reinaldo Guimarães, ressaltou que a maior expectativa para o encontro é garantir que as ações de ciência e tecnologia possam entrar de forma definitiva no Sistema Único de Saúde (SUS) e na reforma sanitária do País. "É preciso que o Ministério da Saúde ocupe um lugar mais central nas atividades de pesquisa de saúde e que o próprio processo da reforma sanitária traga para si como um problema seu a questão da ciência, tecnologia e inovação em saúde", defendeu.

O coordenador também espera que os debates da Conferência permitam redefinir a postura do governo em relação ao processo produtivo da saúde, especialmente na fabricação de medicamentos e insumos pelas indústrias brasileiras. "Existe nesse setor um déficit na balança comercial de cerca de US$ 3,5 bilhões. Além disso, o Brasil se encontra despreparado com relação à produção de uma série de produtos que são absolutamente estratégicos, como hemoderivados e insulina, por exemplo. Temos que fazer com que nós possamos aumentar a nossa auto-suficiência em termos de produtos produzidos no país", enfatizou.

Uma das alternativas para aproximar as pesquisas científicas da saúde pública brasileira é, na opinião do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, reforçar a estrutura dos hospitais universitários brasileiros. "Temos que ampliar a prática de dar publicidade aos resultados das pesquisas em saúde. Os hospitais universitários são muito importantes nesse processo", ressaltou.

Jorge Guimarães disse que, somente este ano, os hospitais universitários vão receber recursos adicionais de R$ 50 milhões para garantir melhores serviços aos cidadãos. "Se o médico-pesquisador não transformar a observação dele em algo público, a comunidade não fica sabendo dos seus projetos", afirmou.

A 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde será realizada até a próxima quarta-feira, em Brasília, e vai reunir diversos especialistas na área de saúde em busca de soluções que aproximem a pesquisa da realidade da saúde pública brasileira. A 1ª Conferência ocorreu há dez anos e, segundo os organizadores do encontro, a maioria das propostas apresentadas em 1994 foram implementadas pelo Ministério da Saúde e órgãos do governo federal.