Conferência científica debate a sustentabilidade da Amazônia

25/07/2004 - 17h07

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Mais de 800 trabalhos sobre os ecossistemas amazônicos, que buscam desvendar os aspectos críticos ao desenvolvimento da Amazônia, serão divulgados ao público, em Brasília, na III Conferência Científica do LBA, o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia. A conferência começa na 3ª feira (27) e tem a participação de cientistas, gestores públicos e estudantes.

O LBA existe há seis anos e envolve 1.500 pesquisadores brasileiros e estrangeiros. O objetivo é entender o funcionamento da floresta e também das áreas já ocupadas e como esse funcionamento é alterado pela ação humana. Esses estudos convergem para temas como ciclo de carbono, ciclo de nutrientes, regime de chuvas, mudanças de uso do solo, dentre outros.

De acordo com Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Comitê Científico da conferência, o LBA é uma inovação do ponto de vista do conhecimento científico porque traz estudos inéditos que ajudam a compreender a dinâmica da Amazônia. "Estudos realizados até agora eram de menor escala ou usavam métodos inadequados", observou.

Segundo Artaxo, todos os trabalhos científicos desenvolvidos no âmbito do LBA são de domínio público e qualquer pesquisador que pretenda usar os dados coletados pode se cadastra na página eletrônica do programa. O endereço é http://lba.inpa.gov.br. Há um banco de dados centralizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e outro no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidades de pesquisa ligadas ao ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), respectivamente em Manaus (AM) e São José dos Campos (SP). É o LBA-DIS, sigla para Data Information System (sistema de informação de dados), de acesso gratuito e público.

Para o pesquisador, os estudos produzidos podem e devem ser utilizados como ferramenta para elaboração de políticas públicas que visem à recuperação de áreas degradadas e também ao aproveitamento econômico e sustentado da Amazônia. Ele destaca como principais resultados os estudos sobre o processo de formação de nuvens, a absorção de carbono da atmosfera e a dimensão humana no desmatamento.

A floresta tem participação direta na formação de nuvens, de modo a controlar a chuva que cai sobre ela e ainda funciona com ótima captadora de carbono. Sobre o desmatamento, sabe-se que a área aumenta 25 mil km² a cada ano.