Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O desmatamento e as queimadas mudam o regime de chuva na floresta Amazônica. Essa é uma das conclusões do projeto Instituto do Milênio do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), coordenado pelo pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). O estudo será apresentado e debatido na III Conferência Científica do LBA, que começa na 3ª feira (27), em Brasília.
São 120 pesquisadores que estudam as mudanças de uso do solo e seus impactos climáticos. O projeto é financiado pelo ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Os pesquisadores desse projeto monitoram o clima em 10 sítios espalhados de leste a oeste na região amazônica, desde o Pará até o Acre. Eles já descobriram, por exemplo, que na maioria deles, a floresta capta meia tonelada de carbono por hectare ao ano. "Se fosse multiplicado pelos cerca de cinco milhões de quilômetros quadrados da floresta, poderíamos dizer que a Amazônia seria, talvez, o maior captador de gás carbônico da atmosfera", observou Artaxo.
O pesquisador ressaltou, no entanto, que não se pode fazer uma simples conta de multiplicação para falar da absorção de carbono porque a floresta é heterogênea. A mata apresenta precipitação de chuva e radiação solar diferenciada, dependendo da localidade.
Em Santarém (PA), por exemplo, os pesquisadores do Instituto do Milênio já sabem que a perda líquida de carbono é da ordem de 3 toneladas por hectare ao ano. Ou seja, não há absorção. A explicação é que, nessa região, a floresta é mais seca e tem uma taxa de decomposição muito alta. Mais árvores mortas se decompõem do que nascem novas.