27/06/2010 - 17h41

Para médico sindicalista, é melhor ser atendido pelo SUS, que não recusa paciente

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Embora reconheça que o serviço de saúde privado cumpre um importante papel e que sem ele o Estado teria ainda mais dificuldades para oferecer à população um serviço de qualidade, o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes, defende as vantagens do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre os convênios particulares.

“Apesar da constante preocupação com a falta de recursos, no serviço público não se recusa atendimento, especialmente na urgência, nos tratamentos de alta complexidade e na oferta de medicamento de alto custo. Já na assistência privada, todos os dias nós observamos recusas de procedimentos”, declarou Carvalhaes à Agência Brasil, alegando que, apesar dos problemas, a assistência pública é “muito superior aos convênios particulares. “

De acordo com o médico, nenhum plano de saúde privado tem, hoje, condições plenas de oferecer assistência de urgência. Carvalhaes também questiona o fato de os procedimentos médicos de alta complexidade, como transplantes (exceto de córneas), tratamento de queimados, cirurgias complexas e distribuição de medicamentos de alto custo, serem feito pelo SUS mesmo quando o paciente paga por um plano privado.

“É preciso fortalecer o SUS e esclarecer as pessoas que, caso elas tenham uma doença mais grave, um traumatismo ou um acidente grave, acabarão sendo atendidas pelo SUS. E que elas devem torcer para que isso de fato aconteça porque nenhum hospital particular do país dispõe de um serviço de atendimento de urgência, de um pronto-socorro pleno. Todos têm equipes incompletas”, critica o médico.

A presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), Iolanda Ramos, refuta a acusação de que os hospitais particulares não estejam aptos a atender emergências mais graves, mas admite que os casos complexos e a distribuição de medicamentos caros ainda são problemas para as operadoras, pois encarecem demais os custos das empresas.

“Não nego que haja problemas e é isso que justifica a existência da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar], que tem autuado as empresas com problemas. Mas, se o número de usuários vem crescendo, se alguém contrata um plano de saúde, é porque as pessoas consideram isso importante. Imagina o serviço público, com todas as suas carências, tendo que atender aos mais de 50 milhões de clientes de planos particulares. Haveria um colapso”, alega Iolanda.

Com base nas reclamações recebidas pelos procons de 24 estados, a assistente de direção do Procon-SP, Selma do Amaral, sustenta que, apesar dos avanços recentes, a insatisfação com os planos é grande e motivada, principalmente, pelos aspectos citados por Carvalhaes. "Existe uma insuficiência das redes de atendimento às pessoas que todos os meses pagam um plano e que, na hora em que precisam dele, encontram problemas semelhantes aos encontrados pelos usuários da rede pública", afirma Selma, para quem é necessário regulamentar a obrigação das operadoras de manter a oferta de consultórios, laboratórios e clínicas contratadas, como já acontece com os hospitais.

Algo com que a própria presidente da Unidas concorda. "A lei ainda não trata disso, mas estou certa de que, em breve, isso irá acontecer. Este é um mercado em constante mudança e altamente regulado de forma a garantir os direitos dos consumidores".

Sem minimizar os problemas dos hospitais públicos, Carvalhaes atribui à publicidade e à mídia parte do interesse de uma parcela da população pelos planos de saúde. Para ele, a imprensa tende a adotar uma posição extremamente crítica em relação ao serviço público, expondo, “corretamente”, qualquer problema, enquanto trata de forma mais amena o que se passa nos hospitais particulares. “Isso induz a um conceito equivocado quanto à qualidade dos serviços oferecidos pelo SUS. Se não houvesse os serviços suplementares, o Estado teria que encontrar uma alternativa, que eu não sei qual é, para garantir o atendimento a todos os cidadãos.

Edição: Vinicius Doria

27/06/2010 - 17h23

Alternativa para evitar os hospitais públicos, planos de saúde pecam pela má qualidade

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Longas esperas por atendimento médico. Dificuldade para agendar uma consulta. Recusa na hora de contratar exames complexos ou obter remédios caros. Eis algumas das principais queixas de clientes insatisfeitos com planos de saúde aos órgãos de defesa do consumidor. Durante o ano passado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) recebeu 12.728 denúncias de infrações cometidas pelas operadoras privadas. Além disso, pelo décimo ano consecutivo, as operadoras de seguro de saúde ocuparam o topo da lista de reclamações feitas ao Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Já os procons de 24 estados brasileiros, juntos, contabilizaram 14,8 mil queixas contra as operadoras no Sistema Nacional de Informação de Defesa do Consumidor (Sindec), do Ministério da Justiça. Para a assistente de direção do Procon-SP, Selma do Amaral, esses números são apenas um indício da situação, que ela diz ser pior.

“A situação é pior do que registramos. Há pesquisas que indicam que apenas 0,5% dos consumidores insatisfeitos reclama dos problemas com os planos”, disse Selma à Agência Brasil.

Diante da afirmação, a reportagem visitou hospitais particulares de São Paulo e Brasília e, em todos eles, encontrou gente alegando algum tipo de dificuldade para ter acesso ao serviço pelo qual pagam. “Os planos particulares não são a solução para todos os problemas. Há casos em que o cliente teve que recorrer à Justiça para conseguir ser atendido, mesmo estando quite com todas as suas obrigações”, arremata Selma.

A própria presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), Iolanda Ramos, admite a existência de problemas, mas defende que não se pode atribuí-los ao sistema como um todo. “O mercado de saúde tem planos e planos. O que o consumidor tem que fazer para evitar aborrecimentos é, antes de assinar um contrato, pesquisar a rede de estabelecimentos conveniados que as empresas oferecem, o padrão dos profissionais, os órgãos de defesa do consumidor. É preciso entender que não existem milagres e evitar comprar gato por lebre. Óbvio que um plano familiar por R$ 50/mês não vai ter qualidade”, afirmou a dirigente da entidade que representa 147 instituições de autogestão.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes, a questão não é essa. Apesar de reconhecer a importância do sistema de saúde suplementar, que ajuda a desafogar o atendimento nos hospitais públicos, Carvalhaes aponta a busca por maiores lucros como uma das causas do mau atendimento. Além disso, ele sugere que a ANS não tem cumprido a contento o papel de fiscalizar as operadoras e defende a primazia do sistema público sobre o particular.

“A importância dos planos privados é inegável e ninguém pretende que eles desapareçam, mas é preciso que cumpram uma função social mais relevante. As operadoras de saúde suplementar perseguem o lucro fácil, demonstrando enorme oportunismo e ganância", afirmou Carvalhaes. “Há várias operadoras cujo atendimento é péssimo. Falta um monte de coisas nos hospitais, ambulatórios e prontos-socorros e toda a responsabilidade acaba recaindo sobre os médicos”.

Somados os clientes dos convênios de assistência médica e odontológica, o número de usuários de planos particulares ultrapassava 56 milhões de pessoas em março deste ano. O que equivale a dizer que um em cada quatro brasileiros paga pelo acesso à saúde que, constitucionalmente, deveria ser garantido pelo Estado.

De acordo com dados da ANS, o número de usuários cresceu acima dos 5% ao ano entre 2005 e 2008. Em 2009, a taxa foi de 4,9%. A distribuição dos usuários, contudo, reflete as discrepâncias econômicas regionais, com quase 80% dos clientes concentrados nas regiões Sul e Sudeste, sobretudo nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Edição: Vinicius Doria

27/06/2010 - 17h22

Chuvas fazem Defesa Civil disparar alerta a cidades alagoanas atingidas por enchente

Ivan Richard
Enviado Especial

Maceió - Um pouco mais de uma semana depois da enchente que provocou a morte de 34 pessoas e grandes estragos em 28 municípios alagoanos, a Defesa Civil do estado fez hoje (27) um alerta para todas as cidades banhadas pelas bacias dos rios Mundaú e Paraíba, devido à chuva na região.

Ainda de acordo com a Defesa Civil de Alagoas, foi feito contato com autoridades pernambucanas que informaram que a situação no estado é tranquila. Por lá, a chuva é fraca, o que diminuiu o temor de uma nova tromba d'água como a ocorrida no último sábado (19).

Ao todo, em Alagoas, 26.618 pessoas ficaram desabrigadas, 47.897, desalojadas nos 28 municípios afetados pelas enchentes.

Edição: Talita Cavalcante

27/06/2010 - 17h15

Turistas estrangeiros buscam acomodação alternativa em periferias da África do Sul

Vinicius Konchinski
Enviado especial

Joanesburgo (África do Sul) – Preços mais acessíveis e a proximidade com os estádios levaram um casal canadense a optar por uma hospedaria de Soweto, periferia de Joanesburgo. Robert Hall e Monica Sagastune poderiam e até cogitaram ficar em um hotel no centro da cidade durante a Copa do Mundo, mas preferiram o Thuto's Bed and Breakfast e não se arrependem.

“Estamos amando a experiência”, diz Robert. “Daqui, caminhamos pela vizinhança, sentamos em restaurantes com os sul-africanos e realmente entendemos um pouco da vida deles.”

O Thuto's fica na região de alguns dos principais pontos turísticos de Joanesburgo: a casa em que viveu Nelson Mandela e a Hector Pieterson Memorial. Fica também a cerca 10 quilômetros do Estádio Soccer City – distância bem menor do que a percorrida por quem vem da chamada Nelson Mandela Square, área nobre e repleta de hotéis, onde a hospedagem é em média 1.143 rands (R$ 265).

Essas características têm atraído visitantes estrangeiros ao estabelecimento aberto em 2002 pela senhora sul-africana Anastacia Makgato. “Estava sem emprego e resolvi receber algumas pessoas na minha casa. Desde então, não parei mais”, conta ela,

O imóvel, que também serve de residência para Makgato e sua família, foi modificado e ganhou quatro quartos para hospedes. Acomoda com tranquilidade até oito pessoas. Cada uma paga 300 rands (R$ 70) por noite, com café da manhã incluído.

“O movimento ainda flutua muito, mas estamos progredindo”, diz Makgato. “Durante a Copa, estão quase sempre com todos os quartos ocupados. Aqui mesmo em Soweto, outros lugares também estão recebendo turistas estrangeiros.”

Ela diz que o medo da violência ainda afasta muitos clientes de sua hospedaria e de outras do bairro. Ela espera que a realidade pacífica e atual de Soweto seja repassada pelos que já se hospedaram no Thuto's para que ela consiga receber ainda mais turistas.

Se depender de Robert e Monica, isso não será problema. “Com certeza vou recomendar”, diz Monica. “Se voltar a Joanesburgo, também volto para cá.”

Edição: Talita Cavalcante

27/06/2010 - 17h13

Fifa tem descontos especiais em hotéis de cidades-sede da Copa

Vinicius Konchinski
Enviado especial

Durban (África do Sul) – Enquanto turistas que vieram à África do Sul para a Copa do Mundo pagam diárias mais altas em hotéis, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) tem direito a descontos especiais.

Gerentes de hotéis de Durban explicam que essas reservas feitas pela Fifa são revendidas por uma agência de turismo contratada pela entidade. Os quartos acabam sendo ocupados por profissionais de mídia credenciados para a cobertura do Mundial.

Patrick Chinhengo, do Tropicana Hotel, diz que 80% dos 168 quartos do hotel em que ele trabalha são ocupados por jornalistas em dias de jogos na cidade. Para cada pernoite desses hospedes, o hotel recebe 754 rands (R$ 174). Já visitantes regulares pagam 860 rands (R$ 199). “É uma exigência da Fifa para que possamos constar como acomodação oficial”, explica ele.

Chinhengo concorda que não é normal diferenciar os preços dos quartos durante o mesmo período de hospedagem. Porém, afirma que isso acaba sendo bom para o hotel, já que ele garante um bom nível de ocupação. “É uma oferta diferenciada”, diz ele. “Mas pelo menos recebemos vários clientes.”

Edição: Talita Cavalcante

27/06/2010 - 17h11

Hotéis sobem preços durante a Copa e governo sul-africano pede investigação

Vinicius Konchinski
Enviado especial

Durban e Joanesburgo (África do Sul) – O Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo reduziu a expectativa sobre o número de turistas que visitarão a África do Sul durante o Mundial em mais de 100 mil. Dos 483 mil visitantes esperados inicialmente, a estimativa caiu para 373 mil meses antes do torneio.

Apesar disso, muitos hotéis sul-africanos aumentaram o preço das diárias para pernoites durante o Mundial. Uma pesquisa feita pela consultoria Grant Thornton constatou que 63% dos hotéis da província de Gauteng, onde estão as cidades-sede de Pretória e Joanesburgo, aumentaram em mais de 50% o preço das diárias. Nos arredores de Durban, onde a seleção brasileira fez sua a última partida, 53% das acomodações também tiveram suas diárias reajustadas em mais de 50%.

O comportamento chamou a atenção do governo e o ministro do Turismo, Marthinus Van Schalkwyk, solicitou uma investigação sobre o assunto. “África do Sul é um destino com um bom custo-benefício. Essa reputação deve ser preservada”, declarou Schalkwyk, em comunicado divulgado antes da Copa. “Uma suposta escalada de preços poderia prejudicar a reputação da nossa indústria do turismo.”

Para os gerentes de hotéis de Durban, porém, o aumento não é abusivo nem anormal. Nelson Naidu, que supervisiona a ocupação dos 414 quartos do Hotel Garden Court, localizado na orla da cidade, diz que, por causa da Copa, as tarifas de alta temporada foram antecipadas.

No hotel em que ele trabalha, por exemplo, o preço da diária de um quarto duplo passou de 899 rands (R$ 208) para 1.143 rands (R$ 265) – bem menos que os 50% de aumento, feito pela maioria dos hotéis da cidades. Mesmo assim, Naidu explica que o reajuste levou em conta os custos para o Mundial. “Fizemos investimentos para a Copa, contratamos pessoas. Precisamos recuperar”, afirmou.

Patrick Chinhengo, do Tropicana Hotel, também considera os aumentos corriqueiros. Para ele, anormal é o nível de ocupação dos 168 quartos do hotel em que trabalha. “Nos dias em que não temos jogo, ocupamos só 50% ou 60% dos nossos apartamentos”, afirmou. “Esperávamos um movimento muito maior.”

Edição: Talita Cavalcante

 

27/06/2010 - 16h44

PMDB aprova candidatura de Cabral à reeleição para o governo do Rio

Flávia Vilella
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Sérgio Cabral já disputa oficialmente a reeleição para o governo do estado do Rio. A homologação foi feita hoje (27) na Convenção Regional do PMDB, na Fundição Progresso, centro do Rio, com a participação de políticos do PT e de mais 15 partidos. Também foram oficializadas 105 candidaturas a deputado estadual e 93 a deputado federal.

O atual vice-governador Luiz Fernando Pezão permanece na chapa de Cabral. Para o Senado, foram formalizados os nomes do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), e do ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT).

Também participaram da convenção o ministro das Relação Institucionais, Alexandre Padilha, o ministro das Cidades, Márcio Fortes e o presidente nacional do PMDB e candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), deputado Michel Temer (PMDB-SP).

Edição: Vinicius Doria//Matéria alterada para correção de informação
 

27/06/2010 - 15h29

Comunidade de Niterói renasce junto com a indústria naval

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A relação entre as estatísticas que apontam o vigoroso crescimento do país no setor naval e a vida cotidiana pode ser constatada em uma comunidade que há mais de um século depende do movimento dos estaleiros. Na Ponta da Areia, em Niterói, onde os primeiros navios brasileiros foram construídos, ainda no século 19, o sustento das famílias está relacionado ao número de embarcações e plataformas construídos nas empresas localizadas ao pé do Morro da Penha.

Tudo no bairro gira em torno dos estaleiros. Desde o pequeno quiosque onde os operários almoçam, até as empresas metalúrgicas que fornecem peças e equipamentos para os navios. Mas o ciclo econômico pode ser mais bem sentido junto aos moradores da região. No alto do morro, onde se pode subir sem medo de ser assaltado ou de ter que se explicar para alguma milícia local, o clima é de tranquilidade. O motivo é que a maioria dos trabalhadores voltou a atuar no setor naval, depois de passar quase vinte anos fora da área, ganhando a vida como vendedores, operários da construção civil ou trazendo o sustento do mar, por meio da pesca.

“A gente espera que haja continuidade nessa retomada, para que muitos amigos nossos que estão fora também possam retornar. Eu já trabalhei de serralheiro e na construção civil, durante o período em que não havia empregos”, disse Luiz Cláudio dos Santos, que hoje trabalha a bordo de um navio da Petrobras, como mecânico de bombas e compressores. Ele voltou ao setor faz quatro anos, depois de dez anos trabalhando em outras áreas.

Destino semelhante teve a família de Solange Pereira de Oliveira, onde quase todos trabalham na construção de navios, sofrendo os altos e baixos do mercado. O marido e os três filhos são soldadores e só um deles está desempregado. “A minha família toda sempre trabalhou com estaleiros. Desde o meu avô, o meu pai, os meus cunhados. Passa de geração a geração”, contou Solange.

Ela recorda os tempos difíceis, quando a maioria dos estaleiros praticamente fechou as portas. “Passamos muitas dificuldades, com filhos pequenos para alimentar. O que nos salvou foi o mar, com o meu marido saindo para pescar, vendendo o peixe e trazendo alimento para casa”, lembrou Solange, que ajudou a fundar a Associação dos Moradores do Morro da Penha, ainda na década de 80.

O atual presidente da associação é Adriano Boinha Oliveira, que comemora a volta do trabalho na comunidade onde mora desde que nasceu. “Os pais e os filhos vêm seguindo a tradição, a Ponta da Areia é o berço da construção naval. Nós queremos que as empresas melhorem cada vez mais para que os empregados e os comerciantes do local possam crescer juntos”, disse Adriano.

Um dos exemplos de como os milhões de reais investidos no setor chegam à pequena economia que se forma em torno dos estaleiros é o quiosque de Rosenilda Brito, perto do Estaleiro Mauá (um dos maiores da região) e na entrada do pequeno porto que atende aos barcos de pesca artesanal. “Se o estaleiro vai bem, todo mundo vai bem. Quando o estaleiro do meu bairro fechou, foi um desastre. Eu vi muita gente passando necessidade. Graças a Deus ele foi revitalizado e voltou a empregar muita gente”, disse Rosenilda, que comemora a boa fase da economia na Ponta da Areia, sem esquecer o período de vacas magras.

“Eu vi muito comerciante fechar as portas por falta de fregueses. Agora, fico emocionada de ver aquele monte de chefes de família indo trabalhar. A pior coisa que existe é um pai desempregado, porque tira toda a cidadania da pessoa”, contou ela, que chega a servir 50 almoços por dia para os trabalhadores do estaleiro e das outras empresas ligadas à construção naval.

Edição: Vinicius Doria

27/06/2010 - 14h38

Renascida, a indústria naval deve contratar gente suficiente para lotar três Maracanãs até 2014

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A retomada das atividades na indústria naval brasileira está multiplicando empregos em terra firme. O país, que já foi o terceiro maior construtor de navios na década de 1970, viu o setor praticamente falir nas duas décadas seguintes. Hoje, os estaleiros comemoram a retomada do crescimento, impulsionada principalmente pelo setor petrolífero, com as descobertas no pré-sal, e também pela volta do investimento no transporte marítimo e fluvial, que há muito estava esquecido, substituído pelo transporte rodoviário.

Nos últimos dez anos, os empregos diretos gerados na área pularam de 1,9 mil em 2000 para 46,5 mil em 2009. Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, os postos de trabalho diretos devem chegar a 60 mil e os indiretos, a 240 mil, gente suficiente para lotar três estádios como o Maracanã. Os dados são do relatório Cenário 2010 – 1º Trimestre, do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). O relatório completo pode ser acessado na internet.

A continuidade desse crescimento deverá recolocar o Brasil entre os países líderes na construção naval mundial, graças à decisão governamental de privilegiar os investimentos em estaleiros nacionais, acredita o ministro dos Portos, Pedro Britto. Ele previu que, em pouco tempo, o Brasil deverá disputar mercados com potências asiáticas que hoje dominam a construção naval, tanto de navios quanto de plataformas. “Nós temos que estar preparados para competir com os gigantes da área naval que hoje dominam o mercado, como a Coreia do Sul, a China e o Japão. Para isso, é preciso desenvolver nossas competências para disputarmos em igualdade de produtividade, com mão de obra qualificada”, frisou.

Além da força impulsionada pelas descobertas de petróleo na plataforma continental brasileira, Britto ressaltou a decisão de se investir em outra matriz de transporte, retomando a vocação natural do país para utilizar os mais de 8 mil quilômetros de costa e a extensa rede de rios. “O Brasil tem mais de 40 mil quilômetros de vias interiores navegáveis. Nós precisamos investir em cabotagem [navegação costeira]. Atualmente, só 13% do transporte brasileiro são feitos por hidrovias. Nos próximos 15 anos, precisamos mudar isso para 29%, o que vai reduzir o custo de transporte e os impactos no meio ambiente”, avaliou.

Para evitar gargalos justamente na área que administra, Pedro Britto lembrou da necessidade de mais investimentos nos portos, que precisam ser modernizados, e, principalmente nas vias de acesso. “Os investimentos que estão sendo feitos na dragagem dos 20 maiores portos brasileiros e no reequipamento dos portos menores vão reforçar a posição brasileira de transferir grande parte do transporte rodoviário - que hoje detém 58% da movimentação de cargas no país - para hidrovias e navegação de cabotagem. Com isso, a cadeia logística se tornará muito mais competitiva e o país vai poder exportar com menor custo”, disse o ministro.

Um exemplo desse tipo de iniciativa é a decisão da Petrobras de investir em transporte hidroviário, como informou na semana passada o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Segundo ele, a estatal estará recebendo até a próxima quarta-feira (30) propostas de empresas interessadas em participar da licitação para a construção de 20 navios empurradores e 80 barcaças. Os comboios, que serão construídos por um estaleiro da região, vão atuar no transporte de gasolina e álcool combustível na Hidrovia Tietê-Paraná, com potencial para substituir 40 mil viagens de caminhões por ano. O início das operações está previsto para 2012. A construção das embarcações deve gerar 3 mil empregos.

Edição: Vinicius Doria//A matéria foi alterada

27/06/2010 - 14h07

Kirchner fica do lado dos EUA no apoio a medidas de estímulo ao crescimento econômico

Renata Giraldi
Enviada Especial

Luiz Antônio Alves
Correspondente da Agência Brasil na Argentina

Toronto (Canadá) e Buenos Aires (Argentina) - No último dia de reuniões do G20 (grupo dos países mais ricos, incluindo alguns emergentes), em Toronto, no Canadá, uma série de discussões paralelas se desenrolou. Em uma delas, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reiterou que os argentinos estão alinhados com os norte-americanos no que refere a estratégia de enfrentamento da crise econômica que afeta, principalmente, a Europa.

"Não há uma receita única para enfrentar a crise, mas acredito que ela poderá ser vencida com estímulos às economias, além da forte e decidida presença do Estado", disse a presidente.

Os países europeus, ao contrário, têm adotado fortes e impopulares medidas de ajuste, como ocorreu na Grécia, na Espanha e em Portugal. Uma referência sobre isso deve constar do documento final do G20, que será divulgado ainda hoje (27).

Cristina Kirchner sugere ainda que as agências de rating reformulem os critérios adotados atualmente para mensurar o risco de países e empresas. Essas notas influenciam decisões dos investidores. Segundo ela, há restrições generalizadas sobre os critérios adotados pelas agências. "As agências têm grande responsabilidade quando qualificam os países, mas é estranho afirmarem que a Grécia, mesmo tendo altíssimo nível de endividamento, está mais qualificada do que a Argentina, que paga seus compromissos e possui superávit fiscal e comercial", reclamou.

A presidente argentina também afirmou que organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Conselho de Segurança das Organização das Nações Unidas (ONU), devem ser modernizados. O assunto será incluído no documento final do G20. Mas sem menções a prazos e datas. "Quando afirmamos isso não estamos sugerindo que se deve atirar pela janela tudo que o FMI, o Conselho de Segurança e a própria ONU já fizeram. Estamos apenas dizendo que esses organismos estão desatualizados em relação ao que acontece no mundo", disse Kirchner.

Edição: Vinicius Doria

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