CUT e Fiesp criam grupo para discutir inflação e renda de trabalhadores

17/07/2008 - 16h58

Aline Beckstein e Marli Moreira
Repórteres da Agência Brasil
Rio de Janeiro e São Paulo - A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação das Indústrias do Estadode São Paulo (Fiesp) criaram hoje (17) um grupo de trabalho para discutir oimpacto da inflação sobre os preços dos produtos e, conseqüentemente, sobre as perdas no poder de compra dos trabalhadores.O ato foi oficializado emum encontro realizado na sede da Fiesp, em São Paulo, em que reuniram-se dirigentes dasduas entidades.“Quem mais sofre com a inflação são as famílias pobres, que vêem suarenda ser suprimida diante dos reajustes de preços dos produtos da cestabásica”, observou o presidente da Central Única dosTrabalhadores (CUT)  de São Paulo, Edílson de Paula.Para o líder sindical , representantesdos trabalhadores, do governo e da classe empresarial devem criar umasistemática de debates para avaliar a real necessidade de reajuste dos preçosdos produtos da cadeia alimentícia e de outros produtos. “Queremos questionar opor quê dos reajutes e onde estariam ocorrendo”, disse.No evento, a CUT encaminhou a Fiesp um estudorealizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e EstudosSócio-Econômicos (Dieese), que eleva a projeção de inflação, para este ano, para 6,5%. Além disso, a entidade levou aos empresários um documento enumerando açõespara a redução no ritmo do aumento dos preços.Entre as propostas da CUT está a possibilidade de desonerações fiscaissobre os itens alimentícios, como a que ocorreu no caso do trigo. Com afalta do fornecimento da Argentina, o Brasil teve de recorrer à importação docereal produzido no Canadá e nos Estados Unidos, pagando um preço mais elevado.Na avaliação do líder sindical, a desoneração de gêneros alimentícios seria uma forma até de se encontrar uma saídapara evitar a corrosão dos ganhos salariais.Outra questão defendida pela CUT é retomar a proposta, apresentada em 2005, de uma participação das empresas e dos trabalhadores noConselho Monetário Nacional (CMN). Hoje, o conselho é composto pelos ministros da Fazenda e doPlanejamento, e também pelo presidente do Banco Central.É o CMN que define as metas deinflação que servem de parâmetro para o Comitê de Política Monetário (Copom) na horade estabelecer a taxa básica de juros, a Selic.O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, destacou a importância da iniciativa das entidades representantivas dos trabalhadores, afirmando que a sociedade precisaenvolver-se nas questões monetárias do país. “A inflação é um tema importante ea sociedade tem que entrar neste debate. Nós [as entidades empresariais] também temos queestar juntos”.Segundo Skaf, daqui a 15 dias o grupo deve reunir-senovamente para debater o que foi proposto e decidir o rumodas discussões.