Cacciola estava tecnicamente certo ao dizer que não era foragido, diz ministro do STF

17/07/2008 - 14h04

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Oministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), dissehoje (17) que, “tecnicamente”, o ex-banqueiro Salvatore Cacciolaestava certo ao dizer que não era foragido, já que saiuformalmente do país, segundo as leis brasileiras. Barbosaressaltou, no entanto, que é preciso esperar para saber queentendimento a Justiça terá do fato. “Vários gestos nossos têmdiversos significados. Fazer algo no nosso convívio socialpode significar uma coisa e, para a Justiça, pode significaroutra totalmente diferente. Não estou prejulgando, estouapenas dizendo que várias leituras podem ser feitas a partirde tomada de posições, de iniciativas das pessoas”,afirmou o ministro, que participou, no Rio, da 1ª Conferênciadas Comunidades Brasileiras no Exterior, organizada pelo Ministériodas Relações Exteriores.Cacciola, que foi condenado àrevelia no Brasil, em 2005, a 13 anos de prisão por gestãofraudulenta e desvio de dinheiro público, foi preso no anopassado em Mônaco, de onde foi extraditado. Ele chegou noinício da manhã de hoje (17) ao país e foilevado para a sede da Polícia Federal, no Rio, onde afirmou,em entrevista, que não estava foragido, uma vez que saiu doBrasil "oficialmente, com passaporte".Ainda durante o evento, Barbosa disseque, como cidadão, tem um sentimento “muito parecido” como da maioria dos brasileiros, em relação àdecisão do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, queconcedeu por duas vezes habeas corpus garantindo liberdade aobanqueiro Daniel Dantas. Dono do Banco Opportunity, Dantas havia sidopreso dias antes pela Polícia Federal, acusado de comandar umaorganização envolvida em corrupção,lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegaçãofiscal e formação de quadrilha. “Como cidadão, o sentimentoque eu tenho é muito parecido com o da grande maioria doscidadãos brasileiros; como ministro, não possocomentar, porque terei de decidir, provavelmente em breve, sobre asdecisões do presidente do Supremo Tribunal Federal”, afirmouJoaquim Barbosa. “Uma coisa é o meu sentimento e outra sãoas decisões que eu, como ministro, tomo.”