Vannuchi diz que a melhor polícia não é a que mata mais

07/07/2008 - 18h53

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro daSecretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência daRepública, Paulo Vannuchi, condenou hoje (7) as políticasde segurança que geram confrontos violentos e letais.“Em toda aconceituação internacional, sob a ótica dademocracia e dos direitos humanos, não é melhor apolícia que mata mais. As boas academias policiais estudam osconceitos de eficiência com baixa letalidade, utilizaçãode equipamentos não letais e uso proporcional da força”,disse ao comentar uma operação policial neste fim desemana no Rio de Janeiro, que feriu gravemente uma criança de 4 anos que estava em um carro dirigido pela mãe e que foimetralhado por policiais militares. Os PMs alegaram que oveículo ficou em meio ao fogo cruzado com assaltantes queestavam sendo perseguidos.O ministro disse quenão tinha todas as informações sobre o caso, masreconheceu que a situação da segurança no estadoé complexa. “No Rio de Janeiro o tema é muitodelicado, porque o crime organizado adquiriu controle territorial,que desafia o estado de direito e isso não pode ser tolerado.”Vannuchi evitoucríticas à política de segurançafluminense, mas disse que vai buscar mais informaçõessobre o caso e assim que chegar em Brasília decidiráquais ações devem ser tomadas. “Esse acompanhamentopode ser de constituir uma comissão especial até fazeruma intervenção direta junto ao ouvidor de polícia,à OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] do Rio deJaneiro, à Secretaria de Segurança do estado. Vamosanalisar a gravidade do caso e botar a rede de direitos humanos paraagir”, disse.Segundo o ministro, ocomportamento das polícias em todo o país ainda éreflexo de uma cultura passada, criada na época da ditaduramilitar [1964-1985], que pregava a repressão e o uso daforça como políticas de segurança. “Quando se sobe omorro tem que ir preocupado em não matar e ter a compreensãodas regras do direito. Evidentemente, não se pode esquecer queesses policiais são seres humanos, passíveis de medo, emuitas vezes têm treinamento superficial e curto”,disse.Vannuchi participou no Rio de Janeiro da abertura do cursoA ONU e as questões internacionais contemporâneas, noPalácio do Itamaraty, como parte das comemoraçõesdos 60 anos da Declaração Universal dos DireitosHumanos.