Japão quer impulsionar negociações do regime de emissões de gases do efeito estufa

07/07/2008 - 6h08

Mylena Fiori
Enviada especial
Hokkaido (Japão) - O Japão está decidido a impulsionar as negociações do regime de emissões de gases de efeito estufa pós-Protocolo de  Quioto. Os novos parâmetros, em debate na Organização das Nações Unidas (ONU), estão entre os temas propostos pelo governo japonês para a reunião anual do G8, que começa hoje (7) na Ilha de Hokkaido. Também estarão no centro da Reunião dos Líderes das Grandes Economias sobre Mudança do Clima, na próxima quarta-feira (9), com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.As mudanças climáticas foram o tema principal da cúpula de 2007, na cidade alemã de Heilligendamm. Na ocasião, Japão, Canadá e União Européia (que, como bloco, não integra o G8, mas participa das reuniões como convidado especial) defenderam a redução das emissões em 50% até 2050. A proposta deve voltar aos debates em Hokkaido.O Japão defende que três princípios sejam considerados na definição dos parâmetros pós 2012: flexibilidade e diversidade; compatibilidade entre proteção ambiental e crescimento econômico através da conservação de energia e outras tecnologias e a participação de todos os grandes emissores de gases de efeito estufa, incluindo os países em desenvolvimento.Para incentivar os países em desenvolvimento, o Japão destinará US$ 10 bilhões, nos próximos cinco anos, para assistência em ações voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa, chamada de Parceria para o Esfriamento da Terra, foi anunciada durante o Fórum Econômico Mundial deste ano, em Davos, na Suíça.O país também se propõe a incentivar a produção sustentável de biocombustíveis. No começo de junho, na Conferência de Alto Nível da FAO, em Roma, o primeiro-ministro japonês Yasuo Fukuda fez um apelo para que sejam aceleradas as pesquisas sobre biocombustíveis de segunda geração - fabricados a partir de matérias-primas que não podem ser usadas como alimento - de forma que a produção desse tipo de energia não comprometa a segurança alimentar do planeta.Já está em desenvolvimento, pelo governo japonês, projeto para a futura produção de etanol a partir da celulose. Na semana passada, em Brasília, o Instituto de Ciência e Tecnologia do Japão firmou acordo com a Universidade Federal do Rio de Janeiro para pesquisa técnica na área de biomassa. Na mesma ocasião, o governo japonês anunciou a intenção de ampliar a compra de bioetanol do Brasil - a brasileira Copersucar e a japonesa Japan Biofuels Supply LLP fecharam negócio para venda de 200 milhões de litros de etanol brasileiro ao país asiático.O Japão depende 100% dos combustíveis fósseis - 99,8% importados - e pretende reduzir essa dependência em 80% até 2030.