China quer adotar tecnologia brasileira para produção de álcool

07/07/2008 - 17h36

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nesta semana,integrantes do governo e empresários brasileiros participam, naChina, de uma troca de informações com o objetivo de abrirmais frentes de investimentos em vários setores. Um deles éo de biocombustíveis. Os chineses, hábastante tempo, mostraram-se interessados na forma como o Brasilproduz e utiliza o álcool, obtido a partir da cana-de-açúcar.Embora não seja intenção do governo chinês aprodução de álcool de cana-de-açúcar,o país tem interesse em conhecer como o Brasil produz,armazena e transporta álcool. A missãocomercial à China visitará as cidades de Macau, HongKong e Pequim, onde ocorrerá o seminário “Oportunidadesde investimentos no Brasil”. A viagem é chefiada pelosecretário de Comércio Exterior do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),Welber Barral, e tem o objetivo de atrair mais investimentos chinesespara o país.O interesse pelo diálogo sobre biocombustíveis partiu dos chineses,de acordo com informações da coordenaçãodo setor de açúcar e álcool do Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A China produz anualmente 100 milhões de toneladas de cana,produção destinada à produção de açúcar.O Brasil produz anualmente 500 milhões de toneladas decana-de-açúcar, 85% dessa produçãoconcentrada no centro-sul do país e 15% no norte-nordeste.Já houveiniciativa de produzir álcool do milho, no entanto o governochinês recuou por perceber que, nesse caso, haveria uma competiçãocom a pecuária. Em um país com uma populaçãode 1,2 bilhão de habitantes, não seria estratégico destinar essa produção de milho para combustíveis, porque a prioridade é a produção de alimentos em larga escala. O milho produzido na China preferencialmente é destinado àalimentação do rebanho. Em conversas mantidascom técnicos do Mapa, os chineses expressaram a intençãode extrair álcool a partir da mandioca, da batata e do sorgodoce, um cereal com alto teor de sacarose. “A planta das refinarias,independente da matéria-prima, pouco muda. Além disso,[os chineses] querem saber como o Brasil transporta, como faz mistura com agasolina, onde é feita essa mistura, como o Brasil armazena oálcool, o quanto se pode misturar sem comprometer os carrosmais antigos”, explicou Luís Carlos Job, chefe de divisãoda coordenação do setor de açúcar e álcool do Mapa. De acordo com o Mapa, cinco provínciasda China já fazem a mistura de 5% de álcool nagasolina.Para falar deinvestimentos em biocombustíveis, o representante brasileiroserá o diretor do departamento da cana-de-açúcare agroenergia do Mapa, Alexandre Strapasson. Além da questãodos biocombustíveis, nos seminários serãoapresentados projetos que superam os US$ 10 bilhões eminvestimentos nas áreas de infra-estrutura, logística egeração de energia. A missão faz parte dasestratégias previstas no documento “Agenda China: AçõesPositivas para as Relações Econômico-ComerciaisSino-Brasileiras”, lançado na quinta-feira (3) da semana passada,em Brasília.