Barcos trafegam por rios da Amazônia com equipamento antigo e pouca segurança

23/03/2008 - 18h43

Gilberto Costa
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Osrecentes acidentes fatais de barco ocorridos no Rio Amazonas e no RioCuiabá chamaram a atenção daopinião pública nacional para a falta de condiçõesde segurança e conforto nas embarcações quetransitam pelos rios da Amazônia Legal. Mas segundo pescadorese oficiais de náutica, acidentes de barco na Amazôniasão muito comuns.

Amaioria dos barcos que trafegam na região é construídade maneira tradicional, como se faz a mais de dois séculos, ouseja, sem utilizar recursos e tecnologias de engenharianaval – que na opinião de especialistas poderiampossibilitar um transporte mais rápido, seguro e eficiente.Estudorealizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) revela que háexcesso de carga e passageiros nos barcos, falta limpeza econservação (inclusive de bóias e coletes desalva-vida). Segundo a pesquisa, a alimentação servida éde péssima qualidade; e faltam informações aospassageiros sobre segurança.Deacordo com o presidente da Federaçãodas Associações de Pescadores Profissionais do Estadodo Amazonas, Ronildo Nogueira Palmeri, acidentes com pescadores (inclusive com mortes)acontecem todas as semanas, mas nem sempre é divulgado, atémesmo para a capitania dos portos. “São pessoas pobres e nãose divulga. Parece que o pescador não é importante eacabando caindo no esquecimento”, lamenta o presidente daassociação.Parao engenheiro naval CarlosDaher Padovezi, do Instituto de Pesquisa e Tecnologia da Universidadede São Paulo, os acidentes de barco na Amazônia ocorrempor falha no projeto e na construção das embarcações;mas 70% das causas estão relacionadas a erros humanos.Eleavalia que é necessário aumentar a fiscalização para cobrar mais responsabilidade dos proprietários dos barcose de quem conduz os barcos. “Uma das possíveis soluçõesé evoluir na cobrança de quem tem embarcação,de quem opera e de quem transporta”, sugere Padovezi.

Opresidente do Sindicato dos Oficiais de Náutica e Práticos do Estado do Pará, comandante Edson Lima, denunciaque os acidentes acontecem por “imprudência, imperíciae negligência”. Segundo ele, são precárias ascondições de navegação e muitasembarcações são comandadas por pessoas nãoqualificadas.

“Essasembarcações trafegam sem a menor condições e burlam a fiscalização das capitanias. Àsvezes são comandadas por pessoas que não receberamhabilitação para exercer tal função”,alerta Lima. Segundo ele, além dos riscos de acidentes, passageirose tripulantes estão expostos a roubos e assaltos. “Os ladrõestêm voadeiras, lanchas e armas potentes. Eles atacamgeralmente em bando de dez pessoas e a tripulação ficacompletamente dominada”