Gilberto Costa
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Portos ehidrovias da Amazônia precisam de investimentos para atender de maneira sustentável ademanda da indústria e de produtores agrícolas eminerais. É o que defendem representantes do setor empresarial. De acordo com especialistas em infra-estrutura, cada realinvestido em transporte de carga fluvial economiza R$ 6 a R$ 7 emgastos para deslocar o mesmo volume pelas estradas.AConfederação de Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA) estima que os grandes produtores perderam mais de R$ 5 bilhõesno ano passado tendo que levar suas mercadorias pelas rodovias paradistribuição em portos ao sul e sudeste do Brasil.Naopinião do consultor para logísticae infra-estrutura de transporte da CNA, Luiz Antônio Fayet, o Brasil precisa melhorar suacapacidade dos portos e hidrovias da Amazônia para dar contadas exportações do setor de agro-negócio.“Nós temos que preparar os rios e os portos que pertencem àBacia Amazônica para esse volume de carga. É de láque vão sair 70 milhões de toneladas”, opina Fayet.
“Ageografia da produção no Brasil mudou: o Sul e sSdesteficaram com a produção de industrializados e oabastecimento do mercado internacional de soja em grão, demilho em grão será fatalmente feito pelas regiõesdo Norte e do Centro-Oeste.”
Oaumento da capacidade do transporte fluvial exige a modernizaçãode portos, como aponta o pesquisador CarlosAlvares da Silva Campos Neto,do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).“É necessário a modernização deequipamentos que transportam containeres e aumentam a capacidade decarga e descarga nos navios.”
O consultor ambiental Eduardo Martins alerta, no entanto, que além de aumento decapacidade dos portos da Amazônia Legal, é precisotorná-los mais sustentáveis e seguros. Estudos mostram que cerca de 70% dos rios do país estão contaminados, por exemplo. “A maioria dosportos da Amazônia são portos precários, sãoportos que não estão organizados, sãodeficientes. São portos que têm lixo, têm ocupaçãoindevida, não têm plano de contingência pararesponder a possibilidade de acidente. A maioria desses portos nãotem fiscalização adequada do transporte depassageiros.”
Assim como oagronegócio, o setor de mineração recente demelhor infra-estrutura para a circulação de minériode ferro e bauxita na Amazônia. O funcionamento de eclusas noRio Tucuruí, por exemplo, permitiria barcos subirem e desceremo rio no ponto da barragem.“Se tivesse umaeclusa em Tucuruí poderia atender uma parte da necessidade detransporte fluvial de minério”, avalia o diretor de assuntos minerários doInstituto Brasileiro de Mineração, Marcelo Ribeiro Tunes. Para ele, a navegação de minérios na regiãoainda é muito incipiente.
O BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) jáemprestou mais de R$ 45 milhões desde 2006 para a melhoria dotransporte fluvial na Amazônia e prevê mais R$ 170milhões, que estão sendo analisados para aprovaçãoeste ano.
Apósuma semana de apuração, a Casa Civil da Presidênciada República e o Ministério do Desenvolvimento nãoretornaram os pedidos da reportagem sobre projetos e investimentospara a navegação fluvial na Amazônia. Àépoca do lançamento do Programa de Aceleraçãodo Crescimento foram previstos investir cerca de R$ 6 bilhõespara o transporte na Região Norte.