Sindicato dos Jornalistas do DF cria comissão para promover igualdade racial

27/08/2007 - 22h56

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao propor uma discussão sobre o racismo e também incentivar profissionais negros a entrarem no mercado de trabalho, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal lançou hoje (27) a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-DF).O Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o jornalismo está entre as profissões com a menor proporção de negros no país: 15,7%.  A jornalista Jacira Silva, integrange da Cojira, explicou que além de defender mais espaço no mercado, a Comissão capacitará profissionais, tanto para assessorias de imprensa quanto para reportagem. E que utilizará as técnicas jornalísticas aliadas à questão política para colocar o tema da igualdade racial na pauta dos veículos de comunicação. “Os negros são mais de 50% da população. Não podem ser invisíveis”, afirmou. Segundo Jacira Silva, poderão inclusive ser elaboradas cartilhas para evitar o uso de expressões "racistas e sexistas" na imprensa. “Na justificativa de que são conceitos introjetados na sociedade, utilizam-se expressões como 'a coisa tá preta' ou 'mercado negro' – uma associação do negro a algo negativo", completou. O jornalista Sionei Leão ressaltou que a Comissão servirá, ainda, para fazer um contra-ponto à imprensa. “As políticas [afirmativas] cresceram muito nos últimos anos. Em razão disso, acabam criando resistência e adversários. No entanto, é necessário fazer um contra-ponto, pois há exageros”, disse. Para ele, "é legítima a atuação da imprensa no sentido de questionar as medidas". A iniciativa, na opinião do professor Nelson Olokafá Inocêncio, da Universidade de Brasília, poderá contribuir para melhorar a cobertura de temas ligados à igualdade racial, além de propor uma discussão sobre a diversidade cultural do país e sobre a dimensão do racismo na sociedade. “A Cojira será um instrumento para estimular os jornalistas e a sociedade a fazerem um debate qualificado e não baseado em questões emotivas”, defendeu.