Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A preocupação com a água é uma resposta aos sinais de que se nadafor feito, as mudanças climáticas e o desperdíciovão provocar desabastecimento mundial. E isso gera um alerta maior até do que em relação à falta de petróleo. A opinião é dosecretário de Recursos Hídricos e Ambientes Urbanos doMinistério do Meio Ambiente, Luciano Zica."Enquantona América Latina há um volume muito grande de águasem que haja nenhum cuidado na sua preservação, aperspectiva de mudanças climáticas indica que poderemosenfrentar graves problemas para suprir de água uma boa parteda população mundial", afirmou à AgênciaBrasil o secretário, que foi orador em um dos painéisdo 4º Diálogo Interamericano sobre Gestão dasÁguas (D6), realizado este mês na Guatemala.Zicaretornou ao Brasil convencido de que os países, principalmentesul-americanos, precisam estabelecer uma agenda comum para cuidar daqualidade das águas transfronteiriças."Hámaior conscientização quanto à importânciada água. O mundo já começa a vê-la com umaimportância maior que o petróleo no séculopassado. Até porque há alternativas energéticaspara substitui-lo, enquanto a água não temsubstituto. Daí a necessidade de uma gestãocontinental, que quem sabe evolua para uma administraçãomundial", defende o secretário.Citando comoexemplos as Bacias Hidrográficas Amazônica e do Prata eo Aqüífero Guarani, ele explica que o cuidado com aqualidade das águas deve transcender as fronteiras políticas."Temos países que compartilham bacias hidrográficasconosco. Portanto, se queremos a Bacia Amazônica preservada,dependemos de que eles administrem bem os recursos. Da mesma forma,temos responsabilidade com os países que compartilham conoscoa Bacia do Prata. Se não fizermos uma boa gestão, seráum desastre para eles. Um evento como esse consolida aresponsabilidade compartilhada e impõe a necessidade de todostermos políticas de gestão harmônicas".Cercade 58% dos mais de 6 milhões de quilômetros quadrados daBacia Amazônica, a maior do mundo, fica em territóriobrasileiro, mas o restante se espalha por Peru, Bolívia,Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname e Guiana. A Bacia doPrata fica no Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.E o Aqüífero Guarani, maior manancial transfronteiriçomundial de água doce subterrânea, ocupa 1,2 milhãode quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai, Uruguai eArgentina.Segundo Luciano Zica, o Brasil ocupa lugar dedestaque no movimento em prol do gerenciamento sustentável daágua, tendo sido o primeiro país da AméricaLatina a elaborar um Plano Nacional de Recursos Hídricos,aprovado em 2006. Ele diz ter sido procurado, na Guatemala, porrepresentantes de outros países, interessados na experiênciabrasileira. "Representantes do Departamento de Engenharia dasForças Armadas norte-americanas vêm ao país emoutubro para conhecer nossa experiência".