João Porto
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - As cidades de Belém, Breves, Abaitetuba e Bagre, no Pará, estão enfrentando um surto de mal de Chagas. Entre julho e agosto, os municípios registraram 35 casos da doença, segundo o Instituto Evandro Chagas (IEC).Tradicionalmente transmitida pela picada do barbeiro - inseto que hospeda o protozoário causador da doença, Trypanossoma cruzi - a tranmissão nesses locais tem uma peculiaridade: está ocorrendo por via oral, mais especificamente, pelo consumo do açaí não industrializado, ou seja, manipulado manualmente."Com asqueimadas e o desmatamento, os barbeiros se afugentamdas grandes árvores e são atraídos para as casas. Eles acabam caindonas panelas de açaí e são triturados com o alimento", diz o pesquisador da entidade, Aldo Valente.Embora reconheça o problema, o diretor geral da Agência de Defesa Sanitária do Pará, Rubens Brito, afirma que nem todo o açaí esta contaminado. De acordo com ele, o produto industrializado é pasteurizado, o que elimina o risco decontaminação. Brito acrescenta que a agência fará campanhaseducativas para ajudar os pequenos extrativistas a manipular corretamente o açaí. "Serão medidas de caráter educativo para ensinar as amassadeiras de açaí como beneficiar o alimento para que ele não tenha mais riscos à saúde".Na última sexta-feira (24), representantes da agência, do IEC e da secretaria estadual de Agricultura se reuniram para discutir o avanço da doença e as providências para contê-la.Em junho do ano passado, a Organização Pan-americana de Saúde (Opas)concedeu ao Brasil o Certificado Internacional de Eliminação daTransmissão da Doença de Chagas pelo Triatoma Infestans, nome científico do barbeiro.