BNDES investiu quase R$ 1 bilhão em três anos no setor farmoquímico

13/05/2007 - 16h56

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já colocou R$ 928 milhões no Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica (Profarma), criado em 2004 pelo banco. A carteira, entretanto, acumula R$ 1,9 bilhão de pedidos de investimentos, envolvendo desde projetos em análise até projetos já contratados, com recursos liberados.Na última sexta-feira (11), o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que o BNDES dispõe de R$ 1 bilhão para investir na ampliação da indústria farmacêutica no Brasil. Segundo o chefe do Departamento de Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos (Defarma) do banco, Pedro Palmeira, não existem restrições orçamentárias para o Profarma. “A gente costuma brincar que, no Profarma, o céu é o limite”, disse Palmeira. Dos R$ 928 milhões concedidos nos últimos três anos pelo BNDES, os financiamentos para a área de pesquisa no setor farmacêutico somaram R$ 100 milhões. Pedro Palmeira assegurou que é um montante considerável.“Eu não acho pouco. É um grande avanço. Eu costumo dizer que essa fatia da pizza, apesar de parecer pequena, é a que nos parece, aqui ao BNDES, a mais gostosa. Isso porque há três anos todos falavam que era impossível ter inovação na cadeia farmacêutica nacional, que inovação era coisa de U$ 800 milhões a U$ 1 bilhão. E nós lutamos contra a maré. Assumir esse discurso de que inovação no setor farmacêutico custa U$ 1 bilhão é não fazer absolutamente nada. Era nos condenar ao imobilismo”, analisou.Segundo afirmou Palmeira, o BNDES sempre defendeu que existia uma potencialidade enorme no Brasil para as inovações “incrementais”, ou seja, aproveitando atalhos favoráveis, entre os quais o uso eficiente da biodiversidade brasileira, cujo custo seria bem inferior. O apoio à inovação incremental é um caminho eleito como prioridade pelo BNDES, uma vez que se refere ao desenvolvimento de drogas melhores com base em moléculas já existentes, disse Palmeira.O segundo caminho identificado pela instituição é o da biotecnologia, ou seja, a utilização da rota biotecnológica para o desenvolvimento de novos fármacos. Palmeira lembrou que o ano de 2004 marcou o retorno do BNDES ao apoio dos chamados bens intangíveis, no caso a atividade de pesquisa e desenvolvimento nessa cadeia produtiva. Segundo o chefe do Defarma, os investimentos efetuados pelas grandes multinacionais do setor farmacêutico em todo o mundo englobam também os fracassos obtidos em muitas pesquisas. Daí o valor ser tão expressivo.Pedro Palmeira afirmou que um ponto negativo da indústria farmacêutica de capital nacional foi que ela ficou, durante muito tempo, apoiada somente na atividade de cópia. “O que nós desejamos é que a indústria gere caixa através da cópia, mas com esse caixa ela possa aplicar na atividade de inovação. Porque a inovação é a alma dessa cadeia”, assegurou.O chefe do Defarma disse que as empresas cuja gestão estratégica é mais consistente já entenderam que, depois que o Brasil reconheceu patentes e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária já começou a atuar em um ambiente regulatório mais próximo dos países industrializados, só resta a elas entrarem na atividade inovadora para continuarem tendo margens significativas de lucros.