Ministério da Cultura trabalha para aumentar produção e infra-estrutura das TVs públicas

29/04/2007 - 16h23

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Cultura (Minc) trabalha em três frentes na preparação para a chegada da TV Digital no mercado brasileiro. Aumentar a produção das TVs públicas e cuidar da infra-estrutura são os objetivos práticos iniciais. No campo da regulamentação, quer criar um grande debate, no próximo mês, quando será realizado o Fórum Nacional de TVs Públicas.Na opinião do secretário de Políticas Públicas do Minc, Alfredo Manevy, o pior dos cenários é criar uma TV pública que não esteja preparada para produzir e ofertar muito conteúdo de qualidade. Segundo ele, a aquisição de equipamentos será necessária para a implantação do novo sistema e também para a formatação de conteúdos já existentes, que ajudarão no aumento da oferta. O Minc espera que um reflexo social da tecnologia, no aumento da produção do cinema, do acesso a equipamentos e da criação de núcleos de produção cultural.A TV Digital não vem apenas com a promessa de aumentar a produção, mas também de mudar a maneira de consumi-la. “Vai mudar a TV na casa de cada um de nós, aumentar o número de canais, a oportunidade de escolha, é como se todo mundo pudesse ter acesso à TV a cabo”, afirma o secretário. A TV Digital, acrescentou, traz ainda a possibilidade de interação, “de reagir ao que está colocado - no futuro vai estar ligada à internet - e muitas outras coisas que ainda não somos capaz de prever”. As possibilidades são vistas com cautela pelo pesquisador Frederico Barbosa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “É infinitamente reduzido o número de pessoas que têm acesso a computador ou a equipamento mais sofisticado de transmissão de audiovisual”, lembra. Para ele, “mesmo que haja uma revolução do ponto de vista da tecnologia, será preciso uma série de ações de universalização do acesso”.Barbosa é autor dos livros Economia e Política Cultural e Política Cultural no Brasil, lançados nesta semana pelo Minc para auxiliar na avaliação e criação de políticas públicas. Alfredo lembrar de antigas "promessas" tecnológicas: “Desde o início, se dizia que a tecnologia iria trazer aumento de tempo para as pessoas poderem estudar filosofia, pescar... E a gente vê que a sociedade vai se adaptando a ela [tecnologia] para reproduzir as desigualdades fundamentais”.O pesquisador acredita, no entanto, que a discussão sobre a criação da TV Digital terá desfecho diferente da que houve quando se tentou criar a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav). A proposta, apresentada há quatro anos, foi posteriormente abandonada pelo Ministério da Cultura por falta de consenso com os atores sociais e com o próprio governo.Diferentemente do projeto da Ancinav, “a regulação macro da TV Digital não é a única alternativa, mas criar espaços públicos para o audiovisual é central”. Na prática, em vez de mudar as regras dos espaços já existentes, criam-se novos espaços com novos canais”. “Seria um caminho diferente”.Para a discussão do futuro da TV Digital, o Ministério da Cultura aposta no fórum. “Foi criado para ser um lugar permanente de reflexão sobre a TV pública, em especial a TV digital”, explica o secretário Manevy. “O que ela vai ser vai depender do debate, da mobilização de empresas, de atores sociais, uma pressão grande”, disse ele.