Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ercílio Bezerra, disse que "indignação" é a palavra mais correta para o aumento dos vencimentos de deputados e senadores. Na última quinta-feira (14), eles elevaram seus salários para R$ 24,5 mil, um reajuste de 90,7%. Em entrevista hoje (16) à Rádio Nacional, Bezerra afirmou que a medida, “tomada com a complacência dos presidentes da Câmara e do Senado, foi um canetaço, uma certidão negativa e uma brecha para que os Executivos municipais sigam o mesmo caminho”. Segundo ele, o reajuste aprovado esta semana significa uma correção salarial de mais de 200%, considerando os três últimos aumentos nos salários dos parlamentares. "A única opção que vemos no momento é estimular a pressão popular, a movimentação dos segmentos organizados para tentar barrar esse abuso. É o caminho que temos para tentar evitar mais esse malefício que o Parlamento promove contra a sociedade brasileira, numa mostra de que perdeu o senso do limite", disse, acrescentando que a OAB deve tomar providências contra o reajuste. “Porque não é admissível que uma classe receba um aumento exagerado como esse, um salário estratosférico, principalmente quando se vê a vergonha que foi o trabalho dessa última legislatura, desse parlamento, em meio a denúncias de sanguessugas e da existência de mensalão”.Para o advogado, os parlamentares aporveitaram-se deste momento, que reúne os festejos de fim de ano e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro, e da "pouca memória do povo brasileiro" para aprovar o aumento salarial. "Tentou colocar isso aí [o reajuste], sabendo que em fevereiro temos novos parlamentares, novas posses, enfim, para que isso caia no esquecimento. E nós esperamos que a sociedade brasileira saiba dizer um não a tudo isso”.