Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Polícia Federal iniciou hoje a escavação de um buracovertical para analisar a profundidade do túnel cavado pela quadrilha presaontem (01) se preparando para assaltar dois bancos em Porto Alegre.Os 26 presos são apontados como autores do maior roubo dahistória do país, no Banco Central, em Fortaleza, no ano passado. A políciaainda hoje está atrás do dinheiro e dos mentores intelectuais da ação, queseriam líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Outras 13 pessoas também forampresas: sete em São Paulo, quatro em Maceió, uma na Paraíba e uma no Piauí.Em agosto de 2005, o bando roubou R$ 164 milhões. Pouco maisde R$ 6 milhões foram encontrados em quatro veículos e uma carreta doempresário José Charles Machado de Moraes, preso juntamente com os donos darevendedora Brilhe Car, Dermival Fernandes e José Elizomarte Fernandes Vieira.Os assaltantes alugaram uma casa em frente ao Banco Centraltrês meses antes do assalto, e montaram uma empresa de fachada de paisagismo.De um dos quartos, cavaram um túnel que os levou ao caixa-forte. Eles pretendiam agora assaltar dois bancos em Porto Alegreexatamente da mesma maneira. Desta vez, compraram um prédio por R$ 1,2 milhão defrente para o banco Banrisul. Segundo a polícia, o túnel alcançaria 85 metrosde comprimento, estaria pronto em duas semanas e chegaria também a uma agênciada Caixa Econômica Federal, onde fariam o segundo roubo.Os 26 homens foram presos em flagrante quando cavavam oburaco e levados para o presídio de segurança máxima de Charqueada, cidade a 60quilômetros da capital. A polícia divulgou hoje lista com o nome dos bandidos. Todosjá foram interrogados, mas negaram fazer parte do PCC. “Ninguém confirma, nem oMarcola”, diz o delegado regional de Combate ao Crime Organizado no Rio Grandedo Sul, Ildo Gasparetto, se referindo ao atual líder da facção, Marcos Camacho.Apesar de negarem a ligação com o crime organizado, aoprestar depoimento “deram indícios dos mentores intelectuais da ação”, contaGasparetto.As investigações foram iniciadas há seis meses. Os 26ladrões “são profissionais e quase todos têm antecedentes criminais”, contou ocoordenador de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Getúlio Bezerra.As investigações do roubo passado já haviam levado aos nomesdos envolvidos e, assim, a polícia passou a vigiar os passos da quadrilha.“Tínhamos um certo controle sobre eles, mas estávamos esperando o momento emque começariam a gastar o dinheiro. Eles se movimentaram e, inclusive, estavamatuando criminosamente, o que facilitou muito nosso trabalho”.Concluída a etapa de prisões e investigações, apolícia trabalha agora para reunir provas e encontrar o dinheiro roubado emFortaleza. A Justiça expediu 86 mandados de busca e apreensão em sítios, casase escritórios. Mais de 17 bens, entre carros e imóveis que pertenciam aoscriminosos, já foram apreendidos. A polícia acredita que tenham sido compradoscom dinheiro dos roubos.Além de medir a profundidade do túnel a PF quer fazer umlevantamento do trabalho dos ladrões. Toda a perícia tem que ser concluída em15 dias, prazo dado pela Justiça. Um segundo braço da investigação, coordenadopor Brasília, investiga a ação dos outros integrantes da quadrilha, no restantedo país.