Parceria com Ministério Público inclui direitos humanos nas escolas do Rio Grande do Norte

02/09/2006 - 19h20

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O estado do Rio Grande do Norte já está trabalhando o tema direitoshumanos nas escolas. Esta é uma das diretrizes do Plano Nacional deEducação em Direitos Humanos (PNEDH), concluído hoje após dois anos dediscussão.A Secretaria de Educação de Natal fez uma parceria comMinistério Público, que “produziu textos trabalhados hoje nas escolas”,conta a secretária e vice-presidente da União dos Diretores Municipaisde Educação, Justina Iva.A secretária foi uma das participantesdo Congresso Interamericano de Educação, que discutiu o tema durantequatro dias em Brasília, onde foi apresentado e concluído o PNEDH.Segundo o plano, o Brasil só avançará no cumprimento dos direitos, seeles fizerem parte da educação. É preciso incluí-lo “porque essamudança tem que ser a partir da infância, eu diria que é uma revoluçãocultural”, afirma a secretária. No entanto, para fazerparte do ensino, é necessário antes avançar na formação dosprofessores. “Eles não fazem essa discussão nas universidades einstituições formadoras, em conseqüência, também não trabalham essestemas de uma forma mais profunda com os seus alunos”., acrescentouJustina Iva. Liberdade, solidariedade e democracia são valores que os educadoresquerem discutir em sala de aula. “Há mais de quinze anos, iniciamos umprocesso que chamo de perversão dos valores ético-morais”, lamenta. “Épreciso resgatá-los porque a sociedade sem eles tende a banalizar adesigualdade, as injustiças e a corrupção. Achar tudo isso normal émuito perigoso”, avalia. A secretária ressalta que “os professores têm o privilégio dereceber, por quatro horas ou mais, uma criança que está em processo deformação, a fase mais promissora para assimilação de conceitos evalores”. Para melhor formação dos professores, segundoela, é preciso que a Secretaria Especial dos Direitos Humanos articulecom as universidades “uma grande discussão para trabalhar a necessidadede inclusão dessas temáticas nos currículos e propostas pedagógicas.Isso não faz parte hoje da universidade”.Justina Ivana afirmaque muitos professores se preocupam apenas com o seu conteúdo, comexceção daqueles que são ligados a algum movimento social ou religião.“São mal remunerados e têm uma carga horária intensa, até de formaincorreta trabalham de manhã, tarde e noite em mais de um local e,assim, estão limitados ao conteúdo da sua disciplina”. Acorrupção também piora o problema, já que a população passa a “não teresperanças nem parâmetros. Tudo é possível, tudo é normal, essabanalização é terrível”. Por isso, segundo ela, a necessidade deretomada dos valores “das questões coletivas, a responsabilidade com acoisa pública, na construção do político ou do gestor, porque não dápra falar de valores sem que eu cumpra os meus deveres, não só osinteresses individuais”.