Ministério da Saúde quer aumentar diagnóstico de doenças provocadas pelo amianto

02/09/2006 - 15h21

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Saúde iniciou um projeto de capacitação dos médicos que atuam na rede pública para que esses profissionais saibam identificar doenças causadas pela exposição ao amianto, como o câncer de pulmão. De acordo com o coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Antonio Pérez, no Brasil os médicos têm muitas dificuldades para diagnosticar doenças relacionadas ao trabalho em geral.“Hoje, a qualificação da maioria dos profissionais de saúde do Brasil, seja de saúde pública, seja do setor privado, ainda está aquém da necessidade para fazer os diagnósticos de todas as doenças relacionadas ao trabalho no país”, afirma o coordenador.   Em relação ao amianto, o problema é maior porque as doenças, muitas vezes, demoram entre 15 e 20 anos para se manifestar, explica Pérez. “No caso do amianto é mais difícil ainda porque existe um período de latência muito grande entre a exposição e o desenvolvimento da doença. Então, estamos trabalhando num projeto de capacitação dos profissionais do SUS (Sistema Único de Saúde)”. Segundo ele, a capacitação é feita por meio de cursos de especialização e de manuais. O amianto é uma fibra mineral usada como matéria-prima nas indústrias da construção civil, têxtil, química e no setor automotivo, entre outros. Desde 1995, o uso do amianto é proibido no Brasil. Mas a variedade conhecida como crisotila foi permitida a partir de 1997, em função de propriedades como a alta resistência da fibra ao calor.Segundo o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Hermano Albuquerque de Castro, entre 70 e 90 pessoas morrem por ano vítimas de apenas um tipo de câncer provocado pelo amianto, o mesotelioma de pleura (membrana que envolve o pulmão). De acordo com ele, esse é o número de casos registrados, mas, na realidade, o problema atinge um número maior de trabalhadores.Castro afirma que 11 estados, sobretudo das regiões Sudeste e Sul, concentram 83% dos diagnósticos médicos. Segundo o pesquisador, não significa que o amianto não faça vítimas nas demais regiões, mas sim que nos estados do Centro-Oeste, Nordeste e Norte os casos são menos diagnosticados, “por falta de estrutura e de médicos capacitados”.