Fiscais e motorista foram mortos há dois anos, com nove tiros na cabeça

28/01/2006 - 16h15

Janaina Rocha e Rodrigo Savazoni
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – 28 de janeiro de 2004. Os fiscais do Ministério do Trabalho João Batista Soares Lage, 50 anos, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, 42 anos, Nelson José da Silva, 52 anos, e o motorista da Delegacia Regional do Trabalho Aílton Pereira de Oliveira, 51 anos, saem para fiscalizar uma denúncia de trabalho escravo em uma fazenda de feijão no município de Unaí, cidade de Minas Gerais a 164 quilômetros de Brasília.

No município, conhecido por ser um grande centro produtor de grãos, vivem 80 mil pessoas. Ao chegarem ao trevo conhecido como Sete Placas, na rodovia MG-188, que leva a Bonfinópolis de Minas e Paracatu, os quatro são assassinados com nove tiros, todos na cabeça. Dois anos depois, o crime foi parcialmente solucionado. Mas ninguém ainda foi condenado.

Nove homens são acusados de envolvimento e devem ir a júri popular. Entre outros crimes, serão julgados por homicídio qualificado e formação de quadrilha. De acordo com as investigações, os prováveis mandantes são os irmãos fazendeiros Antério e Norberto Mânica. O primeiro é o prefeito de Unaí, eleito em 2004 com mais de 70% dos votos. O segundo, que já esteve preso, obteve habeas corpus e aguarda o julgamento em liberdade.

Uma lei sancionada no começo deste ano garantiu indenização de R$ 200 mil e bolsas de estudo de R$ 400 para os dependentes dos quatro servidores assassinados. Conforme declarou o secretário executivo do Ministério do Trabalho, Alencar Ferreira, o objetivo da indenização é minimizar a perda sofrida pelos familiares.

Após os assassinatos, a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) sugeriu ao Poder Executivo que encaminhe ao Congresso projeto de lei para garantir a proteção dos agentes do estado.