Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 50 pessoas participaram hoje (28) de ato ecumênico em homenagem aos três fiscais e ao motorista que foram assassinados há dois anos na região rural de Unaí (MG). Com faixas, cartazes e rosas brancas, os familiares e amigos das vítimas pediram justiça e paz no local onde Erastóstenes Gonçalves, Nelson da Silva, João Batista Lage e Ailton de Oliveira foram mortos.
Os servidores morreram em uma estrada de terra na entrada para a fazenda Bocaina, a 50 quilômetros de Unaí. Estava lá para realizar uma fiscalização de rotina contra o trabalho escravo. As vítimas foram encontradas distantes sete quilômetros do local do crime porque Oliveira, o motorista do carro, conseguiu dirigir, mesmo após ter levado um tiro na cabeça.
"É a primeira vez que venho aqui depois do crime. Olha o lugar onde eles foram mortos. Olha que covardia fizeram com eles. É de cortar o coração", disse, emocionada, a viúva de Gonçalves.
O ministro do Trabalho Luiz Marinho, o subsecretário de Direitos Humanos Perly Cipriano, o ex-secretário de Direitos Humanos Nilmário Miranda e o delegado regional do trabalho de Minas Gerais Carlos Alberto Calazans participaram da manifestação. "Se o crime foi esclarecido por um lado, ainda falta a decisão da Justiça", disse Calazans.
Entre os nove acusados do crime estão os irmãos Antério e Norberto Mânica. Em janeiro deste ano, o Tribunal Regional Federal julgou e negou todos os recursos apresentados pelos acusados, o que significa que eles devem ir a júri popular ainda este semestre.
Oito dos acusados serão julgados em Patos de Minas, subseção criada em agosto do ano passado e da qual Unaí passou a fazer parte. Antério Mânica é hoje prefeito de Unaí e, por ter foro privilegiado, será julgado pelo Tribunal Regional Federal em Brasília.