Parlamentares homenageiam religiões de origem africana no Congresso Nacional

16/11/2005 - 13h17

Danielle Coimbra e Geysa Albuquerque
Da Agência Brasil

Brasília – A Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial homenageou hoje (16) no Congresso Nacional as religiões da matriz africana, entre elas o candomblé, em comemoração à Marcha Zumbi+10, que aconteceu hoje (16) em Brasília. Durante a solenidade foi exibido um documentário sobre a descendência negra, seus costumes, cultura e religião. Outro vídeo, com o depoimento da atriz Zezé Motta, mostrou o preconceito à raça negra na televisão brasileira nos últimos 50 anos.

O presidente da Frente, deputado Luiz Alberto (PT-BA), afirmou que a homenagem tem o objetivo de garantir a visibilidade da luta política da população negra no Brasil. "É uma forma de denunciar a insuficiência das políticas públicas para os negros e tentar acelerar a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que está há mais de quatro anos na pauta, para termos um instrumento legal para praticar essas políticas", disse.

Segundo Luiz Alberto, a Frente espera que o Estatuto seja aprovado até o final deste mês. "O presidente Lula afirmou que a votação do Estatuto e do Projeto de Lei pela Reparação e Igualdade para o Negro no Brasil terão urgência no plenário, assim que a pauta for destrancada".

O pai de santo Ducho, representante de um terreiro em Salvador (BA), disse que veio à Brasília em busca de um futuro melhor para os negros. "Estamos aqui para acabar com a discriminação aos negros", afirmou. Ele espera ainda que o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), "seja comemorado com mais dignidade, amor, respeito aos negros, à religião e aos quilombos".

Mãe Ana, representante do terreiro Alemi de Cajazeiras na Bahia, disse que a comemoração do dia da Consciência Negra na Bahia será marcada com passeatas, respeitando outros terreiros que também farão passeatas reivindicando seus direitos.

Um dos motivos que levaram os representantes das culturas afro-brasileiras a participarem dessa solenidade é falar do preconceito que sofrem em relação a sua religião, o candomblé. "O preconceito maior que sofremos hoje é quanto ao Candomblé, porque o negro tem direito a ter uma religião, e a nossa é essa", afirma Ana.

A representante do terreiro Yleaé, Jacira Miranda, de Feira de Santana na Bahia, falou que o maior motivo que a trouxe para Brasília foi ver os direitos que os negros têm sendo cumpridos para a comemoração do dia da Consciência Negra. "Estamos aqui para adquirir direitos, igualdade na nossa religião, igualdade como negros. Claro que estamos tendo avanços, mas queremos mais e que sejam regulamentados".