Juros para habitação devem cair ainda mais com mudanças de regras, diz associação

16/11/2005 - 12h18

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Bancos públicos e privados estão conseguindo oferecer crédito mais barato aos interessados em comprar imóveis, segundo Décio Tenerello, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No ano que vem os juros cobrados em financiamento de imóveis devem cair ainda mais. Tenerello avalia que a taxa, que está na média de 12% ao ano, deve cair até 8% ao ano para imóveis de até R$ 150 mil.

O presidente da Abecip diz que essa queda está acontecendo pelas mudanças feitas este ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O conselho adotou algumas medidas para incentivar o uso do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que é um tipo de crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança, a juros mais baixos.

O resultado foi o crescimento em 60% do volume de financiamento para aquisição de imóveis entre janeiro e setembro, na comparação com mesmo período de 2004. Segundo Tenerello, o valor total de crédito oferecido este ano é de R$ 3,2 bilhões.

"Esses volumes de recursos foi destinado basicamente para um universo de pessoas e famílias que recebem acima de dez salários mínimos por mês", conta Tenerello. "Agora mais recentemente estamos fazendo um direcionamento desses recursos para uma classe média baixa, com financiamento de imoveis de até R$ 150 mil", explica.

Para estimular o financiamento de imóveis para classes mais baixas, o CMN criou, por exemplo, o "fator multiplicador". A medida incentiva os bancos a financiar a aquisição de imóveis a taxa de juros mais baixas. No financiamento de um imóvel no valor de R$ 60 mil, o banco que aplicar a taxa mínima, de 9%, tem o valor multiplicado por três.

Com isso, o banco financia os R$ 60 mil, mas na hora de prestar contas ao Banco Central constará R$ 180 mil. Assim, o banco não precisa direcionar os R$ 120 mil restantes para o financiamento da habitação, ficando livre para realizar outras operações. Isso tem efeito na obrigatoriedade que os bancos têm de destinar pelo menos 65% dos depósitos em caderneta de popupança ao crédito imobiliários.

"As resoluções do CMN fizeram com os bancos e as construtoras se voltassem a esses segmentos do mercado, oferecendo inclusive, em vários casos, a redução das taxas de juros para até 8% mais TR", diz o presidente da Abecip.

"Com a disponibilidade de recursos, estamos iniciando este ano e já disponibilizando para o ano que vem, financiamentos que contemplem essas pessoas e muitos construtores estarão colocando no mercado imóveis dessa faixa de valores", avalia.

Além do fator multiplicador, o CMN reduziu, em janeiro deste ano, o valor mínimo para o financiamento do imóvel de R$ 80 mil para R$ 60 mil. Também aumentou o valor maximo do imóvel de R$ 300 mil para R$ 350 mil, dos quais os bancos podem financiar até R$ 245 mil.