Haddad diz que governo encerrou negociações com grevistas

16/11/2005 - 15h11

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse hoje (16) que a negociação entre os professores de instituições federais de ensino superior, em greve há 79 dias, e o Executivo estão encerradas. Sem acordo com a categoria, o governo federal decidiu enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional, com as propostas do Ministério da Educação (MEC).

"Todas as propostas estão mantidas, vai como projeto de lei para o Congresso Nacional, para que o Congresso possa se debruçar sobre o assunto e fazer bom juízo dele. No âmbito do Executivo é que a negociação está encerrada", afirmou ele, em entrevista coletiva. Segundo Haddad, a oferta do MEC envolve R$ 500 milhões em 2006 para os professores das universidades federais, o que possibilita "um ganho real" para todos eles.

Segundo Haddad, o clima de tensão com os grevistas aumentou nos últimos dias, "razão pela qual estamos encaminhando o projeto de lei". Ele disse que o "tensionamento" teve origem numa moção de repúdio enviada ao MEC há uma semana, pelo Comando Nacional de Greve do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).

No manifesto, a entidade atribui ao ministério "perseguições e ameaças de demissão em massa" feitas aos professores do campus de Catalão (GO) da Universidade Federal de Goiás. Haddad negou que as ameaças tenham partido de dirigentes do ministério.

"Os dirigentes do MEC são quase todos dirigentes de universidades públicas. Não só não há hipótese de isso ter acontecido como no mesmo momento que recebemos a moção de repúdio entramos em contato com o sindicato pedindo o nome do dirigente que teria feito essa ameaça e até hoje não recebemos resposta", explicou.

De acordo com o ministro, a nota foi distribuída para mais de 50 mil professores. "Isso fez com que os ânimos se tornassem impróprios para negociação. Temos aqui reitores, ex-reitores, professores titulares de universidades públicas que têm que ter a sua reputação preservada". Além desse episódio, de acordo com o Haddad, na segunda-feira (14), os carros de dois dirigentes do MEC foram apedrejados, no estacionamento do ministério.

"De fato, algumas pessoas parecem que jogaram gelo no carro do Jairo Jorge [secretário-executivo do MEC]", afirmou o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo.

Segundo ele, o Comando Nacional de Greve divulgou a nota porque em Catalão há uma situação "tensa, de instabilidade", porque os professores tiveram salário suspenso. Mas na avaliação de Rizzo, os dois fatos são "pretexto" do ministro. "Se ele quer valorizar o seu lugar de ministro, ele relevaria essas coisas, nenhum outro ministro faria o que ele faz, é um pretexto para uma decisão que ele já tomou."