Ex-presidente da Brasil Telecom diz que serviços de empresas de Valério foram esporádicos

16/11/2005 - 15h31

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios ouviu hoje (16) a ex-presidente da Brasil Telecom Carla Cicco. Ela foi questionada sobre contratos da empresa com as agências de publicidade SMP&B e DNA, de Marcos Valério de Souza, no valor de R$ 25 milhões.

Segundo Carla Cicco, as empresas prestaram serviços esporádicos à Brasil Telecom em 2003 e 2004. Em 2005, ela disse que foi feita apenas uma campanha para BR Turbo, ligada à Brasil Telecom. Segundo ela, o contrato era do tipo "guarda-chuva", em que o pagamento é feito por
serviço. Os contratos com as empresas de Valério foram suspensos em junho, após denúncias que apontavam o empresário como operador do suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares.

A ex-presidente falou também sobre a contratação da Kroll para investigar a Telecom Itália. Carla Cicco disse que isso foi feito para levantar informações da empresa, que, de acordo com ela, estava prejudicando a Brasil Telecom e chegou a afirmar, mais de uma vez, que sempre atuou em defesa da empresa que presidia. "Sempre na minha função de presidente, fiz tudo pelo interesse da Brasil Telecom", ressaltou.

A ex-presidente da Brasil Telecom disse também que estranhou a demora na liberação do
empréstimo pedido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo Carla, o empréstimo de R$ 1,27 bilhão foi solicitado em 2002 e demorou dois anos para ser liberado. Ela disse que a demora na liberação causou estranheza na Brasil Telecom. "Cada vez que a Brasil Telecom dava informações, eles pediam outras", afirmou.

Carla Cicco deixou a presidência da Brasil Telecom depois que o grupo Opportunity perdeu o controle da empresa.