Violência no campo é um dos itens de documento que sem-terra entregam hoje a Lula

17/05/2005 - 8h53

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agencia Brasil

Brasília – A violência no campo é o quinto item dos 16 que compõem o documento a ser entregue hoje pelos participantes da Marcha Nacional pela Reforma Agrária ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Via Campesina e outros movimentos sociais pedem que os fazendeiros sejam punidos "exemplarmente" por crimes contra trabalhadores, e os julgamentos sejam federalizados (passem a ficar sob a responsabilidade da Justiça Federal).

Os integrantes da marcha citam os exemplos de impunidade. Há cinco anos, o agricultor Alexandre Anghinoni perdeu o irmão, Eduardo, assassinado a tiros por pistoleiros no noroeste do Paraná. Eduardo fazia parte do MST e até hoje os assassinos não foram punidos.

"Queremos que o governo e os órgãos de competência façam Justiça. Nessa luta pela terra, muitos trabalhadores já foram e continuam sendo assassinados. A ação das milícias privadas no Paraná, o estado onde eu moro, é cada vez mais forte", denuncia Alexandre.

A pedido do governador Roberto Requião, a Polícia Federal investiga a atuação das milícias paranaenses desde o início deste ano. Já foi comprovado o envolvimento de fazendeiros na formação de grupos de extermínio na área rural, envolvendo inclusive militares de alta patente.

A continuidade das investigações foi reivindicada nas últimas semanas por agricultores do Paraná. Eles participaram da marcha desde o começo, em Goiânia, e enviaram representantes para audiências em Brasília. Uma delas ocorreu na Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

"Pedimos que a Polícia Federal intensifique o trabalho de estudo e a investigação para mapear e descobrir focos de milícias armadas", conta um dos coordenadores da caravana paranaense na marcha, José Damasceno. "É preciso agir para desarticular e desmontar esses grupos para que a gente volte a ter tranqüilidade no meio rural".