Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), negou hoje, no plenário da Câmara, envolvimento em esquema de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Ao deixar o plenário, o deputado assinou o pedido para abertura de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) destinada a investigar as denúncias de favorecimento ilícito em processos de licitação nos Correios. Ele também recomendou que os parlamentares de seu partido assinassem o pedido de CPMI.
A criação da CPMI está sendo proposta pelos partidos de oposição, que querem investigar as denúncias de corrupção nos Correios e em outras empresas do governo. Parlamentares da base aliada também estão assinando a lista para abertura da CPMI. O vice-líder do PT, deputado Chico Alencar (RJ), disse que a CPMI é importante para investigar as denúncias e "vai apurar tudo com serenidade". É necessária a assinatura de 171 deputados e de 27 senadores pra criação da CPMI. Se for criada, a comissão será composta de 11 deputados e 11 senadores e terá 180 dias para apurar as denúncias.
Jefferson disse que a reportagem da revista Veja desta semana, em que é acusado de ter conhecimento de irregularidades nos Correios, "é equivocada, não tem cuidado e erra várias vezes", destruindo-o moralmente. Segundo o deputado, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho, que teve a conversa com empresários gravada e transcrita pela revista, é funcionário da empresa há mais de 20 anos e não foi indicado por ele para o cargo. De acordo com Jefferson, a indicação foi do diretor de Administração da ECT, Antônio Osório, ex-deputado federal e ex-presidente do PTB baiano.
O deputado acusou a empresa HHP do Brasil, que perdeu uma licitação na área de informática dos Correios, no valor de quase R$ 36 milhões, de ter armado a gravação que deu origem à denúncia. Disse também que foi procurado diversas vezes por uma pessoa que se identificou como "comandante Molina", que seria representante da empresa perdedora da licitação, para que ele intermediasse um encontro com Antonio Osório. "O Molina queria que eu facilitasse um encontro dele com o Osório. Eu disse a ele que não sou homem de intermediar negócios, que sou deputado e presidente do PTB", afirmou.
De acordo com Jefferson, ao sair do encontro, Molina tentou negociar com ele fitas contendo a gravação de conversas de Maurício Marinho com empresários. "Eu não acreditei . Não botei fé quando ele disse que tinha a fita e queria negociar". O deputado informou que todas as pessoas citadas na matéria receberam cópias da fita, entregues por motoboys, depois que a revista começou a circular.