Fonteles defende federalização das investigações do caso Dorothy Stang

17/05/2005 - 19h15

Christiane Peres
Da Agência Brasil

Brasília - O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, defendeu hoje (17) a federalização das investigações do assassinato da missionária Dorothy Stang, morta em fevereiro em Anapu (PA). "Este caso há de vir para a Federação, pois as ações do governo estadual do Pará não estão sendo efetivas", disse durante audiência pública realizada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra.

O procurador-geral solicitou em março a federalização do crime ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que está analisando se autoriza ou não a transferência de inquéritos e processos da Justiça Estadual para a Federal.

Para o presidente da Comissão, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a federalização é importante porque afasta a pressão local. "Como é um júri popular que normalmente ocorre, se ficar a cargo do estado não há isenção no momento do julgamento. A federalização é exatamente para fugir dessa pressão".

Nas últimas semanas, a Polícia Civil do Pará foi acusada de perseguição a colonos da região. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) a polícia local está, inclusive, impedindo avanços no caso da irmã Dorothy.

Para o secretário nacional da CPT, Antônio Canuto, a federalização é importante porque "não se tem confiança e credibilidade no Judiciário do Pará, que demonstrou nos últimos tempos ter sido parcial. E essa parcialidade nunca se dá ao lado do pequeno, sempre ao lado do fazendeiro, do grande proprietário, do latifúndio. Se nós quisermos uma decisão isenta, a federalização é o caminho mais claro".