Em protesto, agricultores despejam arroz de aviões

17/05/2005 - 16h57

Porto Alegre, 17/05/2005 (Agência Brasil - ABr) - Produtores gaúchos de arroz promoveram hoje uma série de manifestações de protesto contra a atuação da Polícia Rodoviária Federal, que ontem furou o bloqueio dos produtores rurais na BR-153, permitindo a entrada em território brasileiro, por Aceguá, de 20 caminhões carregados com arroz e trigo do Uruguai. De manhã, quatro aviões agrícolas despejaram arroz com casca sobre Bagé, enquanto 90 tratores e 55 caminhões desfilavam pelas ruas centrais da cidade.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Bagé, Ricardo Zago, a ação da Polícia Rodoviária desencadeou um clima de revolta entre os produtores, que choraram abraçados, enquanto as carretas passavam com os caminhoneiros buzinando e fazendo sinais obscenos. Ele enfatizou que "essa atitude drástica foi muito dura para o setor, que deixou os negócios para lutar por seus direitos". Zago ressaltou que "foi uma grande humilhação", mas destacou um lado positivo na ação da Polícia Rodoviária: serviu para reforçar o movimento dos produtores, com a adesão de 100% da categoria.

Ricardo Zago disse que "o episódio resultou na maior manifestação já realizada em Bagé, com a população indo para as ruas e o comércio fechando as portas em apoio ao movimento dos produtores de arroz". Como parte dos protestos contra a importação do arroz, serão distribuídas duas toneladas do produto a famílias carentes da região.

O líder sindical informou que os protestos vão continuar por tempo indeterminado, principalmente porque, segundo ele, nada do que foi anunciado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, tem importância para o setor arrozeiro. Os protestos contra a importação de arroz do Mercosul continuam em oito cidades da fronteira com o Uruguai e a Argentina. Os produtores exigem ainda preço mínimo atualizado, compra pelo governo do arroz excedente, liberdade para importar insumos, igualdade de taxas e impostos e custos.

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no estado, Vanderlei Langer, explicou hoje que a corporação "é obrigada a manter o livre trânsito nas rodovias, porque essa é sua função". Para Langer, impedindo o trânsito, os agricultores tentavam exercer um poder de polícia, que não é deles. "A nossa orientação, em todo o estado, é não permitir esse tipo de interrupção nas estradas. Todo aquele que se sentir impedido, e quiser trafegar, basta ligar para o telefone 191, emergência da Polícia Rodoviária Federal, que terá garantia para transitar", concluiu Langer.