Brasília, 17/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil recebe, em média, 10 centavos de dólar por cada quilo de produto vendido para o Japão. E paga US$ 3,80 por quilo de produtos que compra. "É talvez o comércio mais desigual que o Brasil tem hoje no mundo", afirmou o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Mário Vilalva. "No caso dos Estados Unidos, por exemplo, nós precisamos exportar dois quilos para comprar um quilo", comparou o embaixador.
Mudar essa relação comercial será um dos desafios da visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão nos dias 26, 27 e 28 de maio. Antes, nos dias 24 e 25, Lula visitará a Coréia do Sul.
Mário Vilalva destacou a necessidade de mostrar aos empresários japoneses que é vantajoso voltar a investir e instalar empresas no país. "Por isso é importante o café-da-manhã que o presidente (Lula) vai ter com aproximadamente 15 presidentes de empresas coreanas e japonesas", explicou.
Atualmente, o Japão é o décimo maior investidor estrangeiro no Brasil. "Há um interesse enorme do Japão em voltar a investir no Brasil, até porque ele percebeu que seu principal concorrente na Ásia, a China, está fazendo isso", informou Vilalva. No início dos anos 80, de acordo com o embaixador, o Japão respondia por 60% do comércio brasileiro na Ásia. Em 2004 esse percentual havia caído para 21%.
No ano passado, as exportações brasileiras para o Japão somaram US$ 2,7 bilhões e para a Coréia do Sul, US$ 1,4 bilhão. Já o valor das compras de produtos japoneses foi de US$ 2,8 bilhões e de coreanos, US$ 1,7 bilhão.
No encontro com o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizume, um dos temas que o presidente Lula deverá tratar é a venda de etanol para o Japão. Desde 2003, o governo japonês autorizou o uso de até 3% de etanol na gasolina, mas ainda não possui estrutura para distribuição do combustível. "Há um enorme interesse da indústria brasileira de poder exportar etanol para o Japão, tendo em vista o fato de que o Japão precisa mudar sua matriz energética", afirmou Vilalva.
Segundo o embaixador, depois da vinda de Koizume ao Brasil, no ano passado, o primeiro-ministro determinou a criação de um comitê para estudar a possibilidade de o Brasil fornecer etanol ao Japão. O embaixador vê grande possibilidade de essa parceria se concretizar: "É preciso que a indústria brasileira possa tomar decisões corretas no que diz respeito à garantia de abastecimento e preço".