Brasília - Há, pelo menos, dois significados principais na Cúpula América do Sul – Países Árabes, que começa esta terça-feira, dia 10. Ao reunir, em Brasília, todos os 22 países árabes e 12 latino-americanos, o Brasil irá dar mais um passo na diversificação de suas relações exteriores. "A intenção do presidente Lula foi aproximar essas duas regiões dentro de uma estratégia mais ampla de fazer com que a América do Sul diversifique suas relações tanto econômico-comerciais quanto culturais e políticas", afirmou o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, em entrevista à TV NBr.
Dentro do continente, a cúpula reforça a proposta da Comunidade Sul-Americana de Nações. "Será a primeira ocasião em que a Comunidade Sul-Americana aparecerá dialogando com uma outra região, mesmo antes de sua formalização total, já que ainda estamos discutindo quais serão as instituições", realça Amorim.
O ministro comemora a Cúpula como um ponto alto da meta de diversificar as relações internacionais do país. "O Mercosul assinará um acordo comercial com a Comunidade de Cooperação do Golfo, que são os países mais ricos da região", revela Amorim. Mas já antes da Cúpula, há resultados comerciais. "No período de um ano depois do anúncio do presidente do desejo de fazer a cúpula, o comércio brasileiro com os países árabes tinha aumentado 50%".
Amorim destacou a diversificação das exportações. "Vai das carnes a aviões e ônibus. Quando estive no Quatar há pouco tempo, tive a notícia de que tinham sido vendidos 500 ônibus brasileiros. Há menos de uma semana, creio eu, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) fechou negócio para a venda de 15 aviões brasileiros para a Arábia Saudita."
"Mas não vamos ficar presos apenas ao comércio, não quero dar uma visão mercantilista dessa aproximação, há uma série de atividades nas áreas cultural e científica", realçou Amorim. Ele apontou as negociações para cooperação científica para produção nas áreas de semi-árido e iniciativas de aproximação cultural, como o festival de cinema árabe e sul-americano que será realizado em Brasília.
Amorim ainda revelou que há a possibilidade de realizar uma outra cúpula de países latino-americanos, desta vez para encontrar-se com os africanos. "Já houve também uma proposta africana que venha haver uma cúpula entre África e América do Sul. Nós estamos trabalhando com todas essas questões, temos que olhar para dentro também. Temos de resolver nossas questões no Mercosul, na América do Sul, então são coisas que temos que fazer todas ao mesmo tempo."