Pesquisador acusa interesse imobiliário por remoções precipitadas de favelas

26/04/2007 - 18h45

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantes de várias entidades civis como a Pastoral das Favelas, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e a Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj) promoveram nesta quarta-feira (26) no Rio de Janeiro uma mobilização contra a remoção de populações que moram em favelas.

O protesto incluiu um seminário sobre direito à cidade, que prossegue até amanhã (27) na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), e um ato público que reuniu cerca de 60 pessoas numa caminhada pelas ruas do centro da cidade. Durante o seminário foram debatidas relações entre remoção de comunidades pobres, questões ambientais e interesses imobiliários. Segundo o palestrante Jadir Brito, professor do Programa de Pós-graduação em direito da Universidade Cândido Mendes, o discurso da proteção ambiental, que é tomado como base para muitas remoções, vem sendo usado para defender interesses imobiliários.“Essa retórica do risco ambiental ou do impacto ambiental é uma arma que vem sendo utilizada contra as comunidades pobres. Na maioria dos casos o risco ambiental não é comprovado. O que se tenta fazer é uma limpeza étnico-racial, urbana, para que avance o capital imobiliário em determinadas áreas”, afirmou o advogado.

De acordo com o coordenador do Ibase no Rio de Janeiro, Itamar Silva, a estratégia de remoção foi muito utilizada nas décadas de 50 e 60, e embora todas as experiências de deslocamento de grande número de moradores de um lugar para outro tenham sido ineficazes, os processos hoje continuam ocorrendo.

“A política de remoção é completamente equivocada, fere o direito à moradia, à cultura das comunidades. Achamos que já estivesse enterrada, mas ela renasce de uma forma muito sutil. Se você perguntar a qualquer gestor público ele não assume que exista essa política de remoção, no entanto, há várias situações pontuais em que essa remoção acontece”, disse Silva.

Ele citou casos de remoção ocorridos nos últimos dois anos na cidadedo Rio de Janeiro como os do Canal do Cortado e do Arroio Pavuna, nazona oeste da cidade, e da Vila Alice, na zona sul.