Mylena Fiori
Enviada Especial
São Paulo - Às vésperasda reunião do G20 financeiro, o ministro da Fazenda, GuidoMantega, propôs a realização de uma nova reuniãopara a reestruturação do sistema financeirointernacional – um Bretton Woods 2, nas palavras doministro. “Teremos que fazer um Bretton Woods 2, uma reuniãocomo a de Breton Woods num outro lugar provavelmente, mas quetenha o mesmo significado, com todos os países reunidos”,disse o ministro, em coletiva de imprensa após um dia dereuniões com grandes economias emergentes – China, Índia,África do Sul, México e Rússia.“Chegamos àconclusão de que é preciso fazer uma reorganizaçãodo sistema financeiro. O sistema financeiro internacional, criado emBretton Woods, precisa ser reformulado, faltam regras maissólidas para impedir os abusos que foram cometidos no setorfinanceiro”, completou.Realizada nos anos 40,a conferência de Bretton Woods foi a primeira grandereunião entre países desenvolvidos para oestabelecimento de uma ordem financeira e monetária mundial. Apartir daí foram criados o Fundo MonetárioInternacional (FMI) e o Banco Mundial. Desde então, aspolíticas dessas instituições vêm sendoimpostas ao resto do mundo.“O Fundo Monetário,o Banco Mundial e outras instituições nãoconseguiram detectar a tempo o problema financeiro e evitar a crisemundial”, ponderou Mantega. “É quase como se estivéssemoscaminhando para um novo Breton Woods, onde as naçõesdo mundo discutem um nova ordem econômica mundial”, disse.O ministro frisou anecessidade de rever as estruturas de poder desses organismos, commais espaço para as economias emergentes, que hoje respondempor 75% do crescimento mundial “É necessário que serepense o sistema de fiscalização internacional, que sereforme essas instituições, nas quais os paísesemergentes não têm voz ativa, não têmparticipação igualitária. Ainda somos dirigidose controlados por instituições que refletem a situaçãoeconômica dos anos 40, quando os Estados Unidos e a Europarepresentavam o grosso da economia mundial”, ressaltou. Mantega garantiu que oBrasil e outros países emergentes estão dispostos acolocar dinheiro no FMI para ter mais participação nasdecisões do órgão. O que não exclui aidéia de criação de uma nova instituiçãopara a regulação de mercados, como proposto pelaHolanda. “Podemos partir para a reforma do FMI e, ainda assim, terum organismo mais forte e determinante”, afirmou.Em entrevista estasemana ao jornal francês Le Monde, no entanto, o diretor-geraldo FMI, Dominique Strauss-Kahn,antecipou que a instituição pretende assumiráesse papel regulador. A proposta será apresentada àsmaiores economias desenvolvidas e emergentes do mundo durante reuniãodo G20 financeiro, neste final de semana, em São Paulo.