Falta de infra-estrutura é problema em mais da metade das escolas indígenas

07/11/2008 - 23h47

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Menos da metade das 2,5 mil escolas indígenas do país tem infra-estrutura adequada, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Além de prédios próprios – muitas funcionam na casa de professores e galpões – faltam banheiros, bibliotecas e, principalmente, luz elétrica. O problema é mais comum na Região Norte, especialmente na Amazônia.Há tempos, a melhoria nas escolas é uma das principais reivindicações do movimento indígena e, por isso, deve ser um dos temas da 1º Conferência Nacional de Educação Indígena, a ser realizada em setembro de 2009. Os encontros preparatórios começam em dezembro deste ano, nas escolas indígenas e em reuniões regionais em todo país.A falta de infra-estrutura nas escolas indígenas tem refletexo na qualidade de ensino. Salas abafadas e improvisadas atrapalham o aprendizado e a ausência de saneamento básico facilita a propagação de doenças como diarréia. A falta de luz elétrica também prejudica o aprendizado e deixa mais isoladas muitas aldeias.“O sonho de todos povos é ter energia elétrica. Muitas escolas ganham kits de computador, às vezes, querem acessar a tecnologia como TV, DVD, para buscar mais conhecimento, mas acabam limitadas por conta da energia”, disse o coordenador de Educação Indígena da Secretaria de Educação e Diversidade (Secad) do MEC, Gersem Baniwa.Nas escolas, há ainda problemas com a merenda que, em muitos casos, é a base da alimentação em povos com casos de subnutrição. Embora o governo federal pague o dobro do valor normal pelas refeições indígenas, os governos municipais e estaduais não têm considerado os hábitos alimentares de cada aldeia. Além disso, devido às distâncias, há casos em que os produtos chegam aos alunos fora do prazo de validade.“Em localidades como a Amazônia, as distâncias são enormes e a merenda não chega. Muitas vezes, não é por má vontade do gestor, é porque o transporte é muito difícil e caro”, informou o coordenador do MEC. “Em alguns lugares, a distribuição custa três vezes o valor da comida e a distribuição, que deveria ser feita de dois em dois meses, é anual”, acrescentou.Durante a Conferência Nacional de Educação Indígena, os índios também devem tratar da educação fora das aldeias. Eles devem discutir a implementação da Lei 11.645, publicada neste ano, que obriga o ensino da história e cultura indígena em todas as escolas públicas e privadas do país. “Os participantes devem falar sobre como querem ser retratados no material didático dos não-índios, principalmente do ponto de vista histórico”, disse Baniwa.