Países emergentes querem mais poder de decisão nos fóruns multilaterais

07/11/2008 - 19h26

Mylena Fiori
Enviada Especial
São Paulo - A crise financeirainternacional está dando eco a uma demanda antiga dos paísesemergentes: maior voz nas instâncias decisóriasmultilaterais. O discurso foi afinado hoje (7) durante reuniõespreparatórias, em São Paulo, ao encontro anual do G20financeiro, marcado para este final de semana.Uma das alternativasque serão apresentadas pelos emergentes é atransformação do G20 de instância de diálogode ministros de economia e bancos centrais em um grupo decisóriode chefes de Estado, nos moldes do poderoso G8, que hoje desenha,sozinho, os rumos da economia mundial.O G8 reúne o G7- formado pelas sete economias mais industrializadas do mundo(Estados Unidos, Canadá, Japão, Grã-Bretanha,França, Alemanha, Itália) - mais a Rússia.Brasil, China, Índia, África do Sul e Méxicoparticipam como convidados das reuniões anuais do G8, emencontros paralelos sem qualquer poder de decisão.“O G7 representaapenas uma parcela do poderio econômico mundial. Consideramosque é insuficiente para trazer a solução paraestes problemas e estamos propondo que o G20, organismo querepresenta os 20 países mais importantes do mundo, deixe deser apenas um órgão de reflexão como éhoje”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apósencontros com as grandes economias emergentes – China, Índia,África do Sul, México e Rússia. Mantegarefere-se ao G7 pelo fato da Rússia ser uma economiaemergente, embora participe das decisões com os outros setepaíses do G8.Segundo Mantega, outraestratégia para aumentar o poder dos emergentes étransformar o grupo conhecido como Brics em instância dearticulação de polícias econômicas. Ogrupo reúne Brasil, Rússia, Índia e China,consideradas as economias emergentes mais robustas. Até hoje,esses países não constituíam um grupo formal.Nesta sexta-feira, ocorreu a primeira reunião oficial deministros de economia dos Brics. O encontro, segundo Mantega, deve serepetir.“Deveremos coordenarmelhor as nossas ações. Vamos estreitar nossa atuaçãona política econômica, vamos ter uma atuaçãomais próxima, vamos trocar mais informações daspolíticas econômicas que estamos praticando de modo asintonizar, potencializar a nossa atuação. Acoordenação de nossas ações traráum novo bloco de poder a influenciar as atividades econômicasmundiais”, frisou o ministro.Amanha e domingo,durante reunião do G20 financeiro, as grandes economiasemergentes apresentarão suas posições a outrospaíses em desenvolvimento e desenvolvidos que integram o G20financeiro.Participarão dareunião ministros da Economia e presidentes de bancos centraisdos oito países do G8 mais África do Sul, ArábiaSaudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coréia doSul, Índia, Indonésia, México e Turquia. A UniãoEuropéia também integra o grupo. Os paísesmembros representam cerca de 90% do produto nacional bruto mundial,80% do comércio internacional e cerca de dois terços dapopulação do planeta.