Governo mantém metas de superávit fiscal e de crescimento do PIB, diz Mantega

07/11/2008 - 21h37

Mylena Fiori
Enviada Especial
São Paulo - Apesar de reconhecer a perspectiva de desaceleração da economia no próximo ano, como reflexo da crise financeira internacional, o governo federal mantém as metas de superávit fiscal e de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), garantiu hoje (7) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Não descarto que haja uma desaceleração da demanda e tenhamos uma desaceleração de crescimento aqui”, afirmou ele, durante entrevista coletiva. Ponderou, no entanto, que o objetivo do governo é perseguir, para 2009, um PIB em torno de 4%, ainda que a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) seja de 3%. “Se vai ser 3,9%, 4,1%, 4,2% ou 3,8% isso é uma firula econômica, mesmo porque não conseguimos acertar na mosca”, disse o ministro. “O governo, apesar da desaceleração que pode haver nos próximos meses, vai tomar as medidas que permitirão que a economia não tenha uma queda forte na demanda, no emprego e no crescimento”, assegurou. O superávit previsto, segundo ele, é de 3,8%, com uma poupança de 0,5% para o Fundo Soberano, a exemplo deste ano. “Isso diminui a dívida, nos permite praticar juros menores na economia, é salutar, é sólido e, portanto, será perseguido”, afirmou.Quanto ao comércio internacional, Mantega também reconheceu que a retração será inevitável. Ponderou que países com mercado interno robusto, como o Brasil, tem condições de compensar essa perda e fez um apelo para que se evite cair na tentação de políticas protecionistas. Nesse sentido, propôs a retomada das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já adiantou que o Brasil proporá o relançamento da Rodada Doha na primeira cúpula de chefes de Estado do G20 financeiro, no dia 15 deste mês, em Washington.“Depois do vendaval pode vir a ressaca, e nosso papel é evitar essa ressaca”, disse Mantega. “A melhor coisa é mantermos o comércio internacional aberto, competitivo e retomar Doha. Se há um momento para retomar Doha, é agora, e já fazer um antídoto de um movimento protecionista que poderia ser uma tentação para algum país”, avaliou.