Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendeutemporariamente, “por prudência”, os desembolsos referentesàs operações de financiamento identificadas comofraudulentas na operação Santa Tereza, deflagrada pelaPolícia Federal em São Paulo na última semana.A medida foi adotadaaté que o banco receba informações conclusivasda Polícia Federal sobre o caso, o que não ocorreu atéagora, afirmou hoje (29) o presidente da instituição,Luciano Coutinho.A informação dada a Coutinhopelo ministro da Justiça, Tarso Genro, é que “nãohá indícios que revelem qualquer incidênciadessas supostas atividades por parte de dirigentes ou de funcionáriosdo banco. Não recebemos [informações],já declaramos a nossa posição e estamosaguardando”, disse o presidente do BNDES.Coutinho destacou que obanco não credencia intermediários para o tratamento deprojetos. “Muito menos liberações”. Por isso,recomenda aos empresários que tratem diretamente com o BNDES.“Lidem diretamente, evitem intermediários. Quaisquerintermediários que estejam querendo, eventualmente, venderfacilidades, não corresponde à realidade do BNDES. Obanco prefere sempre tratar diretamente com a empresa”, esclareceu.A recomendaçãoobjetiva evitar que o empresário perca recursos, explicouCoutinho. “O banco não vai perder recursos. Quem vai perderé o mutuário, o cliente”. Acrescentou que a práticada intermediação não é incentivada pelobanco.A OperaçãoSanta Tereza visa a desmantelar uma organizaçãocriminosa envolvida com tráfico e prostituiçãode mulheres no país e no exterior, além de fraudes emoperações de empréstimos concedidos pelo BNDES.A quadrilha seriaformada por empresários, servidores públicos eadvogados e desviaria parte dos valores dos empréstimos dobanco em proveito próprio. Pelo menos dois financiamentosconcedidos este ano pelo BNDES teriam sido fraudados: um para obrasde infra-estrutura urbana, no valor de R$ 129 milhões, emPraia Grande; e outro para as Lojas Marisa, envolvendo duas operaçõesde R$ 165 milhões e R$ 114,7 milhões.O advogado RicardoTosto, indicado pela Força Sindical para o Conselho deAdministração do BNDES, onde assumiu há cincomeses, foi preso pela Polícia Federal. Ele é apontadopela PF como integrante da organização que desviavarecursos do banco. Tosto foi solto no último sábado(26). No Conselho do BNDES, ele teria assumido o cargo no lugar deJoão Pedro de Moura, também preso na operação.Moura é ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva(PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical.Coutinho esclareceu queos membros do Conselho de Administração sãoindicados pelo governo federal, sem a ingerência da direçãodo BNDES. Dele fazem parte ministros de Estado ousecretários-executivos dos ministérios, além derepresentantes do setor empresarial e dos trabalhadores, por causados recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) que sãorepassados pelo banco. O conselho se reúne quatro vezes porano e tem entre suas funções aprovar as diretrizes dobanco, além do seu orçamento anual, e cobrarresultados.