Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai continuarinvestindo, por intermédio de sua subsidiária BNDESParticipações (Bndespar), em empresas “de setoresmaduros, com boa liquidez”, afirmou hoje (29) o presidente dainstituição, Luciano Coutinho. No último dia 25,o banco anunciou a concessão de financiamento no valor de R$2,569 bilhões para a operação de reestruturaçãodo controle da Telemar Participações.A carteira da Bndespartotaliza quase R$ 90 bilhões em valores de mercado e tem umagestão que busca melhorá-la em termos de qualidade e deliquidez, além de “cumprir um papel de desenvolvimento nosistema empresarial”, reforçou Coutinho.Ele enfatizou que obanco pode “sair e entrar” em outras empresas que “julguemereçam um ganho de governança, de estratégia,uma melhora na qualidade da empresa”. Lembrou que a carteira daBndespar teve, no ano passado, um giro de R$ 14 bilhões. “Esteano, pode girar algo maior, entre vendas de posições eaquisições”, estimou.De acordo com Coutinho,a carteira da Bndespar tem contribuído para o funding(recursos para empréstimos) do BNDES e deverácontinuar a fazê-lo.O presidente dainstituição garantiu que a operação deapoio à reestruturação da Telemar - necessária à criação da supertele OI no Brasil, resultanteda compra da Brasil Telecom pela Oi - não retirou dinheiro dasoperações de crédito do BNDES baseadas na Taxade Juros de Longo Prazo (TJLP) ou no Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT). O financiamento, explicou, também não impedirá que as operações de renda variávelcontinuem ajudando a compor a fonte de recursos do banco.Ele disse ver um méritogrande na operação da compra do controle da BrT pelaOi, porque desfaz um “nó societário”. “Eu entendoque essa operação providenciou um descruzamentosocietário de grande complexidade, que poderá ter comoresultado um processo em que a qualidade das estratégias e oalinhamento entre os acionistas permitirão, se tudo isso viera ser aprovado, um grande ganho qualitativo”.A compra da BrT pela OIestá subordinada à revisão do Plano Geral deOutorgas (PGO) e à aprovação da AgênciaNacional de Telecomunicações (Anatel), o que deveráocorrer em até três meses. Após a aprovação,o negócio será submetido ao Conselho Administrativo deDireito Econômico (CADE).Coutinho ressaltou queo BNDES continuará vendendo e comprando participações.Ele sinalizou que se a operação da supertele tiver bomresultado, isso significará para o banco melhorar a liquidezde sua participação. O presidente do BNDES descartou,no entanto, que haja uma política nacionalista por trásda decisão de apoiar a operação. Salientou aindaque “o banco não faz e nem fará operaçõesque não tenham consistência empresarial”.A idéia,destacou Coutinho, é continuar apoiando empresas de capitalnacional, que tenham capacidade competitiva em nívelinternacional. Admitiu que o fato de ter empresas nacionais fortes emsetores considerados importantes pode trazer benefícios parao país. Esses setores devem apresentar grande intensidade emconhecimento, inovação tecnológica e gerarefeitos positivos para o restante do sistema industrial.Entretanto, Coutinhonão quis adiantar quais os setores, além de fármacose telecomunicações, que poderão vir a serapoiados pelo BNDES. Afirmou que isso será evidenciado comclareza na nova política industrial que será anunciadapelo governo no próximo dia 12. “Considerando um mercadocompetitivo e a economia aberta à competiçãoglobal, é desejável que o Brasil tenha um sistemaempresarial de capital nacional forte. E é desejávelque o BNDES apóie essas empresas e elas possam mostrar suacompetência”.Isso nãosignifica, porém, discriminar o capital estrangeiro, salientouCoutinho. A política, segundo ele, visa a valorizar odesenvolvimento no Brasil de atividades industriais mais densas einovadoras. “Na política de atração do capitalestrangeiro, nós também vamos querer que a empresaestrangeira desenvolva no país atividades tecnológicasmais sofisticadas. Não significa discriminar a empresaestrangeira. Significa apoiar a empresa nacional que temcompetência”.A intençãodo BNDES é apoiar projetos empresariais competitivos,consistentes e eficientes, assegura Coutinho. “Quem é quejulga que é competitivo e eficiente? O mercado. Os resultadose os números das empresas é que mostram isso. Esse éo critério objetivo”, disse.