Oferta de crédito atinge mais de 35% do PIB em março

29/04/2008 - 17h06

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O volume de crédito ofertado no país no mês de março chegou a R$ 992,723 bilhões, o que equivale a 35,9% da soma de bens e serviços produzidos no país, o Produto Interno Bruto (PIB). Esse percentual é o maior desde janeiro de 1995, quando ficou em 36,8% do PIB, segundo dados do Banco Central.O aumento do crédito foi acompanhado por queda na taxa de inadimplência geral (pessoas físicas e jurídicas), que chegou a 4,1%, menor patamar desde outubro de 2005, quando estava em 4%. Mesmo com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 11,75% ao ano, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa do Banco Central é de que o crédito continue a crescer e chegue ao final do ano em 40% do PIB. "Esse nosso modelo já leva em conta as expectativas de mercado, inclusive as elevações das taxas de juros", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.No que diz respeito a pessoas físicas, Lopes afirmou que uma razões para este crescimento é a sazonalidade. Ou seja, no início do ano, as famílias recorrem ao crédito para pagar tributos, matrícula escolar e precisam cobrir gastos decorrentes do final do ano. Outro fator é a retomada do crescimento do crédito consignado, que aumentou 2,6 ponto percentual no mês, alcançando o volume de R$ 69,167 bilhões.No caso das empresas, o crescimento do crédito teve influência da valorização do real frente o dólar. Lopes também afirmou que a depreciação cambial de 3,91%, registrada no mês, contribuiu para a elevação do crédito que é captado no exterior para ser emprestado pelas instituições  no Brasil. Segundo ele, quando foi anunciado que, para esse tipo de financiamento, passaria a ser cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), as pessoas anteciparam os empréstimos que pretendiam fazer. Com relação aos juros, o Banco Central registrou aumento da taxa geral de 37,4% ao ano, em fevereiro, para 37,6%, em março, a maior desde abril de 2007, quando chegou a 38,1%. Para as pessoas físicas, houve redução no juro de 1,2 ponto percentual (p.p.) no mês e de 2,1 p.p em 12 meses, com juros de 47,8% ao ano, em março. Para as empresas, também houve aumento de 1,7 p.p. no mês e de 1,1 p.p em 12 meses, chegando à taxa de 26,5% ao ano. Lopes explicou que a queda dos juros para as famílias ocorreu por conta da redução do spread, que é a diferença entre o taxa de captação dos recursos para emprestar e de aplicação que as instituições cobram dos clientes. "Tivemos elevação expressiva do spread nos dois primeiros meses do ano e, agora, aparentemente, estamos em um processo de acomodaçãodesse diferencial entre a taxa de captação e aplicação", disse. A taxa de juros cobrada pelo uso do cheque especial continua em alta. Em março, chegou a 149,8% ao ano, a maior desde setembro de 2003, quando chegou a 152,2% anuais. "O cheque especial é um recurso de última instância. Tem um taxa de quase 150%, portanto é uma taxa proibitiva", opinou Lopes. Para as empresas, a alta é devido à introdução do IOF, o que tornou mais alto o spread. Segundo o Banco Central, o spread subiu 0,6 ponto percentual no mês para pessoa jurídica, alcançando 14,7 p.p. Para pessoas físicas, houve queda de 1,6 p.p, chegando a 35,3 p.p.