Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os extratos bancários entregues pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), à Corregedoria da Casa demonstram que ele realizou saques superiores aos R$ 12 mil pagos informalmente à jornalista Mônica Veloso até concretizar, no mês passado, um acordo judicial para custeio de despesas dela e de uma filha de três anos. De posse destes documentos, o corregedor Romeu Tuma (DEM-SP) disse que pretende solicitar à jornalista os extratos de sua conta bancária comprovando a entrada dos recursos, na maioria das vezes pagos em espécie.Hoje (5), o corregedor ouviu o depoimento do funcionário da construtora Mendes Júnior, Claúdio Gontijo, que realizava os pagamentos de Calheiros a Mônica Veloso. O advogado Segismundo Marques Gontijo, irmão de Cláudio, afirmou que por ser "fiel a suas amizades" ele não se arrepende de ter intermediado os pagamentos. E que o dinheiro foi pago por Calheiros "de forma espontânea e exclusiva, sem a mínima participação da construtora". Os pagamentos, acrescentou, eram feitos de forma parcelada ou integral, às vezes com a utilização de cheques depositados por Renan Calheiros na conta de Cláudio Gontijo.Segismundo afirmou, ainda, que o irmão se tornou amigo de Mônica Veloso, que lhe foi apresentada pelo próprio senador. Ele ressaltou que o funcionário da Mendes Júnior jamais esteve no Senado para pegar o dinheiro que seria repassado à jornalista e que isso ocorria "onde o senador pedia que eles se encontrassem". Ele negou ainda que o senador e Gontijo tivessem alguma sociedade comercial: "A única coisa que tiveram, sim, foi uma amizade estreita de mais de 20 anos".Vários senadores do Conselho de Ética ouviram o depoimento de Cláudio Gontijo, na Corregedoria, a convite do senador Romeu Tuma. O presidente do Conselho, Sibá Machado (PT-AC), foi convidado mas disse que "não poderia ir", segundo Tuma. Perguntado pelos senadores se alguma vez foram utilizados recursos da empreiteira "como adiantamento" à pensão informal paga a Mônica Veloso, Gontijo afirmou, segundo o corregedor, que "nunca conversou com ninguém da Mendes Júnior, principalmente a diretoria". Os pagamentos, segundo Tuma, eram sempre efetuados no dia 5 de cada mês. Depois de receber, hoje, documentos que demonstram a movimentação financeira decorrente dos investimentos rurais do senador, Romeu Tuma informou que eles ainda serão analisados pelos técnicos da Corregedoria.