Banco Mundial recomenda mais autonomia às unidades de saúde para melhorar atendimento

26/03/2007 - 22h57

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para não ter a sobrevivência ameaçada nas próximas décadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa modernizar a gestão, conclui relatório divulgado pelo Banco Mundial (Bird) após estudo realizado a pedido do Ministério da Saúde. Segundo o documento, melhorar a qualidade e o acesso aos serviços passa pela criação de incentivos aos administradores públicos, com a distribuição de responsabilidades entre os níveis federal, estadual e municipal.O estudo listou problemas estruturais do SUS e apontou alternativas para a modernização da saúde pública no país. O relatório sugere autonomia para os gestores locais e diretores de hospitais definirem as prioridades de atendimento e planejarem os gastos, além da fixação de metas de qualidade para os serviços prestados. O Banco Mundial ressalta a necessidade de maior articulação entre as etapas de planejamento e execução dos projetos. E sugere que a distribuição dos recursos privilegie as unidades de saúde com bom desempenho. Para isso, seriam definidas metas, mas é necessário que exista um sistema integrado de acompanhamento e avaliação dos gastos. O estudo ressalta ainda a necessidade de capacitação profissional do quadro de funcionários, com uma política sistemática de treinamento.Para o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, que preside o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o sistema público de saúde precisa lutar para melhorar a qualidade do serviço. “De fato, os hospitais públicos gastam muito e atendem pouco”, disse. E ressaltou que a profissionalização da administração das unidades de saúde é essencial para diminuir os custos e aumentar a eficiência. “O custo de um hospital filantrópico, com administração privada, mas que atende de graça, é equivalente a um quinto da despesa de um hospital público do mesmo porte”, comparou. O presidente do Conass defende a criação de um plano de carreira nacional para o SUS. E disse concordar com a política de premiar, com mais verbas, hospitais com bom atendimento. Sobre a autonomia das unidades de saúde, alertou que "a liberdade para gastar os recursos representa um avanço, mas os gestores locais devem estar submetidos às necessidades do município”.Terra também sugeriu o estabelecimento de um teto para os hospitais públicos, que deixariam de receber conforme o número de pacientes: “Do jeito que está, as unidades competem para ver quem tem mais doentes, não pelo melhor serviço”. Embora concorde com as conclusões do relatório, ele disse considerar o sistema único e universal de saúde "muito melhor hoje do que há 15 anos – o problema é que à medida que o sistema se consolida, novos desafios aparecem”. Entre os avanços obtidos nos últimos anos, Osmar Terra destacou o programa Saúde da Família, que reduziu os atendimentos nos hospitais por meio de visitas domiciliares, e a redução da mortalidade infantil. “A proporção de crianças que morrem corresponde a apenas um terço da época em que o SUS entrou em vigor”, salienta.Apesar de ter encomendado o estudo, o Ministério da Saúde não se manifestou sobre o documento do Banco Mundial. Por meio da assessoria de imprensa, o órgão informou que o novo ministro, José Gomes Temporão, ainda está lendo o texto.