Projetos financiados pelo BNDES garantiriam mistura de biodiesel no país

26/03/2007 - 18h58

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está financiando projetos que, quando ficarem prontos, vão permitir a produção de 1,079 bilhão de litros de biocombustíveis. A informação foi passada pelo diretor da Área Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar, ao participar da oficina “Expansão da Agro-Energia e Seus Impactos sobre os Ecossistemas Brasileiros”, organizado pela Fundação Brasileira pelo Desenvolvimento Sustentável.Os projetos financiados pelo BNDES têm capacidade de produzir 840 milhões de litros de biodiesel. O volume seria necessário para atender a mistura de 2% no diesel que será obrigatória a partir de janeiro de 2008, de acordo com determinação governamental. Atualmente, o consumo de diesel no Brasil é de 42 bilhões de litros, segundo Gaspar.Do total em carteira, o banco já tem aprovados pedidos para produção de 500 milhões de litros. A expectativa é que as empresas já comecem a produzir este ano. Élvio Gaspar informou que cerca de 50% dos pedidos de financiamento baseiam a produção de biodiesel a partir da soja. Não há limitação de recursos no banco para apoio à produção de biocombustíveis, destacou Gaspar.No ano passado, os desembolsos do BNDES para a área de biocombustíveis atingiram  R$ 2,1 bilhões, dobrando as liberações de 2005 que já foram o dobro das registradas no ano anterior. “Nós estamos dobrando ano a ano desde 2004”. Os principais produtos são biodiesel e etanol, este concentrando o maior volume.O diretor do BNDES avaliou que embora o mundo esteja olhando com mais atenção para os riscos da atividade humana ao meio ambiente, “a ficha já caiu para o BNDES há muito tempo”. Em 2004, o banco constituiu um departamento de Meio Ambiente  que cuida  de dar aos projetos, “na partida”, ou seja, quando entram na instituição, uma classificação inicial ou pré-análise, visando garantir que eles tenham sustentabilidade ambiental, disse Gaspar.No início do ano passado, o BNDES criou um  programa especial para  recuperação de áreas degradadas. Em relação ao trabalho escravo, Élvio Gaspar afirmou que  em geral isso acontece depois do desembolso dos recursos do banco.Para inibir essa prática, o BNDES promoveu no ano passado uma alteração em seus  modelos contratuais, de modo que ao assinar o contrato o empresário sabe que se o nome dele ou de sua empresa  aparecer no site do Ministério do Trabalho como autuado  por trabalho análogo ao escravo, ele  vai ter seu contrato rescindido e vencido antecipadamente. Isso significa que ele terá que devolver  imediatamente todos os recursos emprestados, sem prazo, frisou Gaspar. Até o momento, porém, não há registro  de nenhuma rescisão por trabalho escravo de tomador de recursos junto ao banco, salientou.