Brasileiros são liberados do confinamento na embaixada do Congo

26/03/2007 - 1h36

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os funcionários brasileiros que estavam confinados desde a última quinta-feira na sede da embaixada brasileira em Kinshasa, capital do Congo, foram liberados na manhã de hoje (26). De acordo com o embaixador Flávio Roberto Bonzanini, o país já retomou as atividades normais de comércio, escolas, bancos e transporte público. “Todos foram liberados quando vimos que a cidade estava normal”, disse o embaixador.

Os brasileiros ficaram retidos porque a embaixada está localizada no centro das operações militares que tentavam conter um grupo de rebeldes, apoiadores do senador e ex-vice-presidente Jean-Pierre Bemba.

Em entrevista à Agência Brasil, Bonzanini informou que a situação na cidade é de destruição. “Houve muitos danos, várias embaixadas foram atingidas, ocorreram muitos saques e pilhagens. Foram centenas de mortos, centenas de feridos, muita gente ainda está nos hospitais. A experiência foi traumatizante para muita gente, e muitos estrangeiros pensam em deixar o país”, disse Bonzanini.

Segundo ele, ontem foram ouvidos os últimos tiros na cidade, durante uma varredura realizada pela polícia em busca de armas e de rebeldes infiltrados. De quinta-feira, quando teve início a onda de violência, até sábado pela manhã, todos os funcionários da embaixada ficaram sitiados.

Depois disso, os congoleses e os brasileiros que têm família no país foram liberados, e só ficaram na embaixada 12 pessoas, entre militares e funcionários do quadro. Segundo o embaixador Bonzanini, o confinamento prolongado foi uma questão de precaução, e o grupo tinha água, comida e remédios para mais uma semana. De acordo com o embaixador, os conflitos começaram quando o governo do Congo exigiu que o senador e ex-vice-presidente Jean-Pierre Bemba desmobilizasse uma tropa de 600 homens que faziam sua guarda pessoal.“Ele disse que se sentia inseguro, sem garantias suficientes para liberar a guarda”, contou Bonzanini, acrescentando que o estopim para a rebelião foi o seqüestro do irmão do senador, ocorrido na quarta-feira. “Bemba achou que era uma provocação muito grande e, na quinta-feira, começaram os conflitos”, relatou o embaixador.