Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cassado em maio de 1994, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) voltou hoje (8) a discursar na Câmara dos Deputados. Na época, Ibsen foi acusado de envolvimento em esquema de emendas parlamentares, investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Anões do Orçamento. Como parlamentar, ele presidiu a Câmara dos Deputados em 1992, durante o processo de cassação do presidente Fernando Collor de Mello.Novamente como deputado, Ibsen discursou por cerca de uma hora e meia, com 25 colegas fazendo apartes ao seu discurso. Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) deixaram o Senado para ouvir o discurso do ex-líder do PMDB. Entre as pessoas que apartiaram Ibsen estavam os deputados Michel Temer (SP), presidente do PMDB, Alceni Guerra (PFL-PR), Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), Mauro Benevides (PMDB-CE), Julio Redecker (PSDB-RS), líder da Minoria na Câmara, Marcondes Gadelha (PSB-PB) e José Genoino (PT-SP).O deputado José Genoino (PT-SP) pediu desculpas de público a Ibsen pelos pronunciamentos que fez à época da cassação do mandato do parlamentar gaúcho. "Vim correndo para participar do pronunciamento. O destino nos separou e nos colocou em situação dramaticamente semelhantes e diferentes. Vivi na carne o que vossa excelência viveu. Quero nesse aparte pedir a de público que me desculpe. Peço desculpas pelos pronunciamentos que fiz quando foi cassado".No discurso Ibsen Pinheiro lembrou que não é o primeiro deputado cassado que volta à Câmara. "Os cassados que voltaram o fizeram com honra, alguns com sangue. Minha cassação, como sabem, foi com descrédito e lama", disse. "Às vezes, vejo surpresa no olho do interlocutor quando digo que pode ter havido desencanto, raiva, mas o sentimento dominante desse tipo de acusação é uma palavra só: vergonha. Quem é atingindo como fui e tem vergonha sente vergonha. Só não sente vergonha quem não a tem; quem faz coisas vergonhosas, no geral, tem a face rosada e até a consciência tranqüila, porque consciência limpa, essa que dói. Aprendi nessas vivências".